Não gosto de estereótipos. Quando se cola a uma pessoa sua característica mais marcante parece que a imobilizamos, subtraimos dela toda a capacidade de se transformar. Assim, Fulano é preguiçoso, Sicrano é madrugador, a outra é vaidosa, enquanto aquela é bagunceira e por aí vai. Claro que defeitos de caráter são muito mais estáveis e dificilmente se modificam, todavia, os demais sempre podem ser substituídos ou aprimorados, desde que seus rótulos o permitam.
Sempre fui considerada uma pessoa decidida, até mesmo pelo fato de ter precisado assumir muitos papéis na vida que não me permitiam vacilar. Agora, quero me dar o direito de ter meus dias de indecisão, como o tempo por exemplo, que muda do frio para o quente, do sol para a chuva várias vezes ao dia.
Nesse domingo manhoso, como todos os domingos, não sei se escrevo, se leio, se saio pra caminhar, se arrumo meu guarda roupa, se limpo o aquário, ou se sento na sacada, sem fazer nada, só vendo o tempo passar.
E na hora do almoço, será que cozinho, saio pra comer fora ou peço comida por telefone? Ah, dúvida cruel...
Missa de manhã ou à noite? Caminhar na beiramar ou na esteira? Revisar o livro de crônicas ou organizar os álbuns de fotografia? Café ou chá? Com ou sem casaco? Cabelo solto ou preso? Orkut ou Facebook? Blog ou e-mails?
Ah, meu dia tipicamente envelhescente promete!
Parece que a Pitty resolveu decidir por mim. Trouxe a coleira na boca e se plantou ao meu lado convidando-me para um passeio. Pelo menos enquanto o sol decide se deve ou não aparecer.
3 comentários:
Adorei, Malu. Me identifico, inevitavelmente, com mutas das tuas palavras. Não diria envelhescente, diria ouvinte das palavras interiores, da intuição que, às vezes, não damos ouvidos. Prefiro ouvi-las como tu estás fazendo, como no conto russo antigo "Vassalisa". Beijos e abraço muito carinhoso, saudades!
Rubia
Legal Maria Luiza, gostei do texto, bem real,as vezes acontece comigo,penso que é normal essa indecisão, mas por pouco tempo. Grande Abraço do Lobo!!!
Muito bem traduzido esse sentimento/sensação que vez por outra nos acomete e deixa-nos com essa sensação de que nada é completo nem suficiente para nos satisfazer completamente. Mas é assim, eu creio, que tem mesmo de ser. Eu, pelo que vistes, optei por ler os Blogs dos amigos e também para exercitar-me no meu.Um abraço, minha querida.
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