quarta-feira, 21 de outubro de 2009

TORTURADORES DA SAÚDE

               Você tem ido ao médico ou ao dentista nos últimos tempos? Com profissionais novos ou velhos? Ainda tem o “médico da família”? Que maravilha!
                 Desconheço o nome do método e de seu criador, mas às vezes fico curiosa para saber quem e em que momento decidiu que o paciente “tem o direito” de saber, minuciosamente, tudo o que se passa com ele. Em resumo, ele deve ser comunicado da gravidade de seu caso e de todos os procedimentos dolorosos pelos quais passará, bem como da pouca expectativa de sucesso, isso tudo sem a menor simpatia, sem um sorriso condescendente, sem sombra de otimismo. E ainda cobram (caro!) por tais barbáries.

                 Será que estudaram na escola de Josef Mengele? Então alguém pode querer saber em detalhes tudo de ruim que se passa com sua saúde, mesmo nos casos em que não há mais salvação? Saber pra quê? Pra preparar o testamento, para escolher o caixão, para chorar mais tempo? Não seria muito mais humano e mais piedoso um pouco de esperança, de mentiras doces, de otimismo, mesmo forçado? Acho uma crueldade imensa esta tal “sinceridade” dos médicos. As pessoas morriam muito mais dignamente quando desconheciam seu mal e seus prognósticos.

              Quer ver os radiologistas, passeando com o ultrassom pela gente, vasculhando tudo, procurando em todos os cantinhos e anunciando tudo de ruim que vão encontrando pelo caminho, até aquilo sobre o qual ainda têm dúvidas. Uma verdadeira sessão de tortura emocional! Naquela posição de “reféns” de suas “descobertas” não deveríamos ser obrigados a ouvi-las relatadas, poder-se-ia ficar quieto ou conversar sobre outras coisas.

              Os dentistas seguem a mesma linha. Mantendo-nos anestesiados e de boca aberta, muitas vezes ainda nos fazem perguntas que, obviamente, só responderemos com um “hum-hum”. Depois anunciam cada material que irão utilizar, cada broca, cada bisturi, cada serra, cada osso, cada ponto, como se estivéssemos muito à vontade tomando um chope com eles, ou ouvindo uma palestra.
             O que estão ensinando nas escolas de saúde meu Deus?
             Quem disse que nos sentimos melhor sabendo de tudo o que fazem em nossa boca? Ou em nosso corpo?

             O que queremos é ser tratados com dignidade, com respeito, com consideração, sabendo apenas o essencial para nos empenharmos na busca da cura, sempre cheios de esperança, recebidos com carinho, confortados, amparados e, se possível, curados.

            Por outro lado, daqueles médicos e dentistas super rápidos, que mal recebiam os pacientes e já os estavam despedindo, agora passamos a um verdadeiro “chá das cinco”, com direito a perguntas sobre a família, o trabalho e coisas do gênero, quando muitas vezes não vemos a hora de sair correndo dali. É tempo perdido procurar amizades entre profissionais da saúde e pacientes. Só se elas nascerem fora dos consultórios, porque ali é um lugar aonde só vamos quando realmente necessitamos e rezamos para demorar a voltar.

             Pelo menos esta é a minha opinião. Podem discordar.

            Parabéns a todos os meus amigos médicos e especialmente ao meu filho Luciano!

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