segunda-feira, 14 de setembro de 2009

SAUDADES DE MIM

               Já contei aqui que, depois de trinta anos de magistério, aposentei-me e, no momento, sou vovó-babá da Bruninha.
                Tudo tem um sabor diferente, encantador e não há o que se compare ao desabrochar de uma criança.   Cansa, prende, mas é altamente compensador.
                  Agora, de repente, passo os olhos numa entrevista com  Donaldo Schüler, que foi meu orientador no Doutorado em Literatura Brasileira e leio avidamente todas as referências de livros que já li e estudei, outros que usei em pesquisas, mais alguns que ainda preciso ler e me dá uma saudade imensa daquela aluna e professora de Literatura que fui durante tantos anos.
                 É como se eu tivesse cristalizado um outro mundo e uma outra Maria Luiza, numa linguagem para iniciados, com temas específicos da área e um foco de interesse inesgotável. E assim, sem mais nem menos, tivesse sido aberta a cortina que separava este mundo e eu ficasse diante dele num estranhamento absurdo, me achando burra, ridícula, desperdiçada.
                Bobagem, então os grandes estudiosos não limpam sua casa, fazem sua comida, cuidam de seus netos? A não ser no quesito tempo, em que essas tarefas podem lhe emburrecer ou atrapalhar?
                Já tinha sentido algo parecido num concerto, durante o solo de piano.
                É que bailarina eu sei que nunca mais poderei ser, por uma questão da natureza humana. Pianista só depende de estudo. Literata também.
                 Não se pode ser tudo ao mesmo tempo. Há tempo de semear, de cuidar, de colher. No momento, sou expert em troca de fraldas, sei todas as músicas do Cocoricó de cor, conheço todos os desenhos animados da moda e sou frequentadora assídua das pracinhas ensolaradas. Não é melhor nem pior do que dar aulas, apenas diferente.
                Passou.
                Hoje minhas crônicas são saboreadas por mais gente, ao invés daquela linguagem hermética dos que estudam demais.
                Melhor assim.

Um comentário:

yuu disse...

Suas aulas continuam, não da mesma forma como antes, quando ajudavas as suas crianças com a Literatura, agora estais ajudando a sua Bruninha a aprender o significado real da palavra amor, da palavra carinho; será a melhor professora que irá existir. Aquela que encinará a viver, e a sentir.

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Muito bom o seu blog. Estou te seguindo, se puder, dá uma passada no meu!

Boa semana