Este é um tema
sobre o qual parece que tudo já foi dito. Afinal, quer coisa mais banal, mais
presente que criança?
Assim como mãe,
pai, namorado, natal, páscoa é um tema recorrente, no entanto tão fértil, que
sempre há o que dizer, uma nova vertente, uma ótica diversa, um amor renovado.
Poderia, como
educadora, dissertar longamente sobre as crianças, seus sentimentos, suas
peculiaridades, seus cuidadores. Acontece que existem inúmeros tratados e
programas de TV sobre o assunto para quem realmente procura acertar na educação
dos pequenos.
Optei, então,
por rememorar e homenagear as crianças mais próximas de mim nestas décadas de
vida.
Começando por
mim mesma, que fui uma criança super feliz! Cercada de amor e proteção dos pais
e dos avós maternos, rodeada pelos irmãos, com uma casa enorme e um quintal
maior ainda para as travessuras e gostosuras, pois não havia fruta que não
existisse em nosso pomar, sempre com cães, gatos, galinhas e patos ao redor das
brincadeiras e uma quadra toda de amigos na Mariz e Barros.
Meu irmão
caçula – o Dadinho – foi a primeira criança que eu ajudei a descobrir como
fazer as coisas sem a ajuda dos adultos e, mesmo apenas quatro anos mais velha,
me considerava quase mãe dele.
Meu sobrinho
Fábio despertou em mim o desejo de ser mãe, quando tinha doze anos. Troquei as
bonecas por ele e já nessa época descobri um exarcebado instinto maternal
naquela menina franzina e arteira que eu era.
Com dezenove
anos trouxe ao mundo meu primeiro bebê “de verdade”. Luciano concentrou toda a
expectativa amorosa cuidadosamente preservada até então e me senti
absolutamente responsável por ele desde o instante que o tive nos braços.
Aos vinte e
dois descobri que o coração da gente é maleável, flexível e capaz de acomodar
dois seres num mesmo espaço, quando nasceu Cristiano.
Então, com
vinte e sete, tive a certeza de que nossas fibras cardíacas são absolutamente
elásticas e me vi novamente derretida e apaixonada pelo Carlos Eduardo que
acabara de nascer.
Curti minhas
crianças ao máximo, dei a elas o melhor de mim sempre, incondicionalmente e
hoje tenho a certeza de que foram e são a melhor parte da minha vida, o que realmente
faz sentido, a mola propulsora do meu mundo particular.
Com cinquenta
anos descobri que a memória amorosa é eterna e que as crianças têm um poder
inigualável de encantar os caminhos e as pessoas. Percebi que minha passagem
por este mundo não fora em vão, nem seria apagada, quando admirei, numa emoção
indescritível, o pequeno Lucas, filho do Luciano, naquele berçário da maternidade.
Quando fiz
cinquenta e cinco anos, com o coração hipertrofiado de crianças e ternura,
voltei a exercitar uma quase maternidade, cuidando os dias inteiros da pequena
Bruna, filha do Cristiano, que inaugurou a “creche da vovó”.
As novas
herdeiras do Luciano – Alice e Lívia – foram uma luz nova, numa nova fase desta
mãe e avó, repleta de amores e cuidados, porque o instinto maternal, quando
existe, só se multiplica e expande.
E ainda faltam
os filhinhos do Kadu!
A cadeira de
balanço está sempre à espera, as canções de ninar nunca foram esquecidas, os
braços acolhedores, os muitos beijos, o olhar cor de rosa de quem ama suas
crianças de verdade, tudo estará sempre à espera dessa nova geração de
crianças.
Parabéns a
todas elas e um beijo especial a todas as crianças do Brasil e do mundo!
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