sábado, 30 de março de 2019

2018 – o ano em que o Brasil foi redescoberto.




Esta crônica conquistou o Segundo Lugar na Concurso da CLIP. O tema era o mesmo para todos.


 
                         Dizem que os portugueses descobriram o Brasil em 1500. Na verdade, os índios já viviam bem faceiros por aqui nessa época. E os portugueses se perderam nos mapas mal feitos e acabaram aportando em nossa costa pensando ter chegado às Índias. Assim sendo, nem fomos descobertos e ainda encontrados por engano. Mau começo...
                          De tanto aceitar pentes e espelhinhos em troca de ouro e de pau-brasil, acabamos com a fama de sermos cordiais. E enfeitamos palácios e igrejas da Europa à custa do trabalho e da vida dos mineradores. A exploração foi tanta que até o filho do descobridor resolveu dar um grito no Ipiranga e nos libertar do jugo e da exploração de Portugal. E nosso país mulato, miscigenado entre brancos, negros e índios ficou livre para executar sozinho suas trapalhadas.
                            Experimentamos todas as formas de governo. De Regência Trina Provisória, Permanente e o escambau até ditadura militar, quando os desmandos se agigantaram. Poucos se destacaram positivamente. De bom mesmo só o povo, sofrido, votando errado em seus representantes e amargando as consequências, sempre penalizado e pagando as contas que fizeram em seu nome.
                            Em 2018 alguma coisa mudou nesse brasileiro cordial. Digladiando-se nas redes sociais, rompendo laços de amizade e até de parentesco pelas convicções políticas, o brasileiro continua aceitando pentes e espelhinhos pelo seu voto, locupletando os maus políticos, que são maioria absoluta e não pensam nem um pouco no bem estar da população, senão em encher os próprios bolsos dessa burra gigante que se chama Impostos. E ai do cristão que não os pague! Há um leão faminto à espreita todos os anos, sem dó nem piedade, pronto para devorar cada centavo que ele pense em deixar de  declarar.
                            Mudamos para pior, pois já não conseguimos comemorar nem nos harmonizar em data alguma. Passa Natal, Páscoa, Dia disso e daquilo e até Copa do Mundo de Futebol (paixão nacional) sem que as pessoas consigam vibrar, se entusiasmar de verdade, sorrir com vontade, confraternizar umas com as outras. Há sempre uma sombra pairando no ar, com as agulhadas da corrupção, da desmistificação dos santos a quem o povo outorgou o poder de administrar os bens públicos e gerir sua vida. A decepção passou a ser marca registrada dos brasileiros e a desconfiança sua amiga mais íntima.
                            Crescer nunca foi fácil. Passar da inocência da infância para a fase conturbada da adolescência causa muitas dores e assim estamos sentindo e vivendo essa época de desilusões, de descobertas e de descrença. Assim nos tornamos desconfiados, com o pé atrás e receosos de que maus políticos, eleitos pela grande massa de analfabetos e desinformados, continuem dilapidando o que nos resta e nos conduzindo para um abismo cada vez maior.
                           Em 2018, enfim, deixamos de ser um país só alegre, só festeiro, só receptivo para nos tornarmos um país adulto, de pés plantados em solo firme e exigindo dos governantes mais decência, mais lisura, mais honestidade, porque não aceitaremos mais mentiras e promessas vãs. Vão ter que mostrar serviço e nos convencer! Há muito a ser feito ainda, muita coisa para mudar e melhorar em todos os órgãos públicos e principalmente no Congresso Nacional, mas o pontapé inicial foi dado – em 2018 o brasileiro aprendeu a exigir seus diretos, a exigir honestidade dos seus representantes e a ser cidadão. Menos mal.







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