Não, não se trata de saudosismo, mas os exageros devem ser
coibidos em todas as gerações!
Não vou repetir a lenga-lenga de que minha geração vem do
fogão à lenha ao forno de micro-ondas. E do telefone de manivela aos
ultramodernos celulares. Isso vocês já sabem.
Agora, o uso que se fazia e o que se faz do telefone é que
mudou demais!
Eu, sempre na contramão, nem gosto de falar ao telefone. Me
esquenta a orelha, cansa o braço e não satisfaz. Ganhei um aparelho mais
moderno no qual não sei fazer quase nada, inclusive, sei lá se por mau uso ou
inaptidão, ele faz ligações bem piores do que o antigo. Vive na “caixa de
mensagens”, enfim, é bonitinho, mas ordinário!
A dependência que as pessoas (inclusive algumas já com
certos anos de vida) têm do celular é crescente. Na sala de embarque dos
aeroportos já existem totens cheios de tomadas para que os cristãos permaneçam
plugados até a hora do voo e, mesmo dentro do avião, eles teclam até o último
minuto permitido.
Participei de um grande evento há poucos dias no qual, ao
término da sessão principal, algumas pessoas já haviam postado imagens no
Facebook e se gabavam de contar cinquenta “curtidas” em suas fotos, isso apenas
dez minutos depois.
Na sala de espera de um Shopping, aguardando para entrar no
cinema, vi um casal de namorados “conversando” pelo teclado do celular. Um ao
lado do outro trocando mensagens. Não consigo achar normal!
Em outro sofá havia uma família, se é que se pode chamar de
família um homem, uma mulher e dois adolescentes, sentados lado a lado, cada um
no seu mundinho privativo, teclando sem trocar uma palavra, como se estivessem
em planetas diferentes.
As pessoas dirigem falando ao celular, caminham pelas ruas
com os fios do celular na orelha, trocam de celular todo ano e são absurdamente
dependentes das redes sociais.
Em contrapartida, são alienados da vida real, bocejam a
qualquer tentativa de diálogo, não valorizam o contato físico, o olho no olho,
a entonação da voz. O que foi criado para aproximar as pessoas está cavando um
abismo entre elas. Os melhores amigos são os que estão dentro do computador e
pouco importa se as fotos não são autênticas ou atuais; na verdade, a vida real
interessa bem pouco.
Assim caminha a humanidade. É mais do que um título de livro
e filme, é a marcha célere sem destino fixo, ou conhecido.
Muitas coisas estão mudando, sempre mudaram; no entanto,
agora as mudanças são mais acentuadas e envolvem todas as gerações e os
conceitos adquiridos desde muito tempo.
Nós, os sobreviventes, vamos nos adaptando às transformações,
dançando conforme a música, tentando não reclamar e economizando na expressão
“no meu tempo”.
Pois bem, essa compulsão eletrônica vai chegar a algum
lugar, com certeza! Vai causar, quem sabe, uma solidão real incalculável, ou
ensinar seus adeptos e se conformarem com os carinhos, os cuidados e a proteção
de uma telinha, ou telona, substituindo os abraços e os beijos para os quais
nossos braços e nossa boca foram feitos.
Quem viver verá!
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