quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

MEMÓRIA SELETIVA




Em tempos de Alzheimer, todo mundo vive tentando exercitar a memória, principalmente quem já se aposentou e não é mais tão cobrado como antes.
Fico abismada de ver gente recitando nomes de flores das quais nunca ouvi falar, numa demonstração de memória e conhecimento impressionantes.
Tem gente que enumera tanta fruta que até desconfio que seja invenção, já que lá no meu Alegrete a gente só conhecia laranja, maçã, bergamota, uva e mais duas ou três. Até manga só fui conhecer muito mais tarde.
E pássaros então? Lá no Pantanal tem bicho que vou morrer sem saber o nome.
Sem falar naqueles homens maravilhosos (geralmente são homens) que enumeram jogadores de futebol de tudo quanto é time, de todos os campeonatos.
Ai meu Deus, se depender dessas listas estou mal, pois minha memória é tão seletiva que não decoro nem título de livro ou filme, é um horror!
Se assisto a um filme nunca mais esqueço e sou capaz de lembrar detalhes que passam despercebidos a muita gente. Agora o título...
Com livros é a mesma coisa. Recordo frases, citações, parágrafos inteiros e não consigo lembrar o título muitas vezes. É constrangedor.
Bem, mas como diria Galeano, que não é meu guru, mas é um dos autores que mais leio, tem coisa que as pessoas sabem que "são inúteis como teta de homem."
Tenho dito.






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