PREFÁCIO
Manhã cedo, quase madrugada. Maria Luiza
Vargas Ramos aproveita enquanto ainda reina a paz e a quietude para escrever,
atividade diária tão imprescindível para o seu bem estar quanto a caneca cheia
de água bem gelada.
O
ritual é sagrado, e a acompanha desde o dia em que, aposentada após décadas de
atuação no magistério, decidiu dedicar-se à sua outra paixão: colocar no papel
seus sentimentos, bons e ruins, e emoções. O hábito da água gelada não sei se é
antigo ou não, mas a literatura a acompanha desde menina, primeiro como ouvinte
atenta e encantada das histórias contadas pela mãe, depois como professora e
leitora voraz, e, nos últimos anos, como dedicada contadora de histórias aos
netos e profissional (das boas) das letras.
Profissional? Maria Luiza irá jurar de pés
juntos que não. Modesta, se considera uma amadora, apesar dos 10 livros
publicados, cinco de crônicas, um de contos e quatro infantis. E também das
dezenas de prêmios nacionais e internacionais com os quais seus escritos foram
distinguidos em concursos desde 2007, ano em que começou a publicá-los. Esses,
definitivamente, não são números de escritores amadores.
“Achaques e Disfarces” é o seu primeiro
livro misto, reunindo crônicas e contos. Talvez o último de crônicas - embora
ela tenha dito o mesmo quando terminou o anterior, “O Tempo Passa...”.
Seu
primeiro romance está a caminho, a passos mais lentos do que ela gostaria,
porque, segundo suas próprias palavras, não conseguiu ainda se desgrudar da sua
“alma de cronista”. Cá para nós, espero que Maria Luiza nunca deixe de escrever
crônicas e contos, porque são deliciosos, leves, com gostinho de infância, de
saudade, de cheirinho de casa da mãe, de brincadeiras na rua, de banhos de
chuva, de vida!
Seus escritos muitas vezes têm um toque de
nostalgia. Não de tristeza nem de arrependimento, mas sim uma saudade gostosa
de algo vivido em plenitude.
Neste novo livro, Maria Luiza continua sua
saga de explorar com muita inteligência e leveza as grandes miudezas do cotidiano.
Ela revisita o passado, passeia pelo presente e procura se preparar para o que
ainda está por vir, geralmente de uma forma bem humorada. “Achaques e
Disfarces” é, ao mesmo tempo, poético e ácido, mas sempre questionador, traços
da personalidade da autora.
Uma
vez a grande escritora gaúcha Lya Luft disse que escrevia principalmente para
entender melhor o mundo e dividir seus assombramentos com o leitor. Maria
Luiza, acredito, bebeu da mesma fonte. Divide conosco, seus leitores,
impressões sobre tudo que nos cerca, e deixa sempre um gostinho de quero mais.
Que
venha o primeiro romance - com certeza uma legião de leitores fiéis está
ansiosa à espera dele - mas a cronista e a contista podem muito bem coabitar
com a romancista neste grande coração e nesta mente privilegiada.
Em
se tratando de Maria Luiza, quanto mais, melhor.
Viviane Bevilacqua
Jornalista, cronista e professora.
ORELHA:
No livro Achaques e disfarces, as reflexões sobre a vida e o viver, o
prazer da escrita e de escrever predominam em jogos intertextuais com o real e
o imaginário.
Nas reflexões de Maria Luiza
emerge o desejo de registrar a memória do tempo presente e as etapas passadas,
sobre a cortina inexorável do tempo, que rompe com a lucidez da própria imagem
em confronto com os desconfigurados traços no espelho.
A alma artífice molda a máscara e
reconfigura os traços, restitui o brilho nas imagens, reaviva as cores e
rejuvenesce as formas nas narrativas e lembranças que se sucedem ao ilustrar a
figura da mulher e o coração da mãe, ao desenhar a marca da tradutora da vida
em versos e prosas com traços autobiográficos, desde as primeiras escritas e o
desejo de ser professora até a concretização da carreira no magistério, a
rotina atual e o ofício de escritora.
Ao metaforizar o mundo em roda
gigante, mostra a alegria de viver e o paradoxo de enjoar de "tanto
rodar" e ainda querer rodar mais e escrever mais. A frase "Sinto
um prazer imenso em formar palavras, frases e parágrafos e ver como me expresso
mais e melhor por escrito",
é a síntese do livro.
Rozelia Scheifler Rasia
Professora, escritora e presidente da
ALPAS 21
(Ainda sem capa.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário