quinta-feira, 14 de julho de 2016

Prefácio e Orelha de ACHAQUES E DISFARCES (2016).



PREFÁCIO

Manhã cedo, quase madrugada. Maria Luiza Vargas Ramos aproveita enquanto ainda reina a paz e a quietude para escrever, atividade diária tão imprescindível para o seu bem estar quanto a caneca cheia de água bem gelada.
 O ritual é sagrado, e a acompanha desde o dia em que, aposentada após décadas de atuação no magistério, decidiu dedicar-se à sua outra paixão: colocar no papel seus sentimentos, bons e ruins, e emoções. O hábito da água gelada não sei se é antigo ou não, mas a literatura a acompanha desde menina, primeiro como ouvinte atenta e encantada das histórias contadas pela mãe, depois como professora e leitora voraz, e, nos últimos anos, como dedicada contadora de histórias aos netos e profissional (das boas) das letras.
Profissional? Maria Luiza irá jurar de pés juntos que não. Modesta, se considera uma amadora, apesar dos 10 livros publicados, cinco de crônicas, um de contos e quatro infantis. E também das dezenas de prêmios nacionais e internacionais com os quais seus escritos foram distinguidos em concursos desde 2007, ano em que começou a publicá-los. Esses, definitivamente, não são números de escritores amadores.
“Achaques e Disfarces” é o seu primeiro livro misto, reunindo crônicas e contos. Talvez o último de crônicas - embora ela tenha dito o mesmo quando terminou o anterior, “O Tempo Passa...”.
 Seu primeiro romance está a caminho, a passos mais lentos do que ela gostaria, porque, segundo suas próprias palavras, não conseguiu ainda se desgrudar da sua “alma de cronista”. Cá para nós, espero que Maria Luiza nunca deixe de escrever crônicas e contos, porque são deliciosos, leves, com gostinho de infância, de saudade, de cheirinho de casa da mãe, de brincadeiras na rua, de banhos de chuva, de vida!
Seus escritos muitas vezes têm um toque de nostalgia. Não de tristeza nem de arrependimento, mas sim uma saudade gostosa de algo vivido em plenitude.
Neste novo livro, Maria Luiza continua sua saga de explorar com muita inteligência e leveza as grandes miudezas do cotidiano. Ela revisita o passado, passeia pelo presente e procura se preparar para o que ainda está por vir, geralmente de uma forma bem humorada. “Achaques e Disfarces” é, ao mesmo tempo, poético e ácido, mas sempre questionador, traços da personalidade da autora.
 Uma vez a grande escritora gaúcha Lya Luft disse que escrevia principalmente para entender melhor o mundo e dividir seus assombramentos com o leitor. Maria Luiza, acredito, bebeu da mesma fonte. Divide conosco, seus leitores, impressões sobre tudo que nos cerca, e deixa sempre um gostinho de quero mais.
 Que venha o primeiro romance - com certeza uma legião de leitores fiéis está ansiosa à espera dele - mas a cronista e a contista podem muito bem coabitar com a romancista neste grande coração e nesta mente privilegiada.
 Em se tratando de Maria Luiza, quanto mais, melhor.

Viviane Bevilacqua
Jornalista, cronista e professora.


ORELHA:

No livro Achaques e disfarces, as reflexões sobre a vida e o viver, o prazer da escrita e de escrever predominam em jogos intertextuais com o real e o imaginário.

 Nas reflexões de Maria Luiza emerge o desejo de registrar a memória do tempo presente e as etapas passadas, sobre a cortina inexorável do tempo, que rompe com a lucidez da própria imagem em confronto com os desconfigurados traços no espelho.

A alma artífice molda a máscara e reconfigura os traços, restitui o brilho nas imagens, reaviva as cores e rejuvenesce as formas nas narrativas e lembranças que se sucedem ao ilustrar a figura da mulher e o coração da mãe, ao desenhar a marca da tradutora da vida em versos e prosas com traços autobiográficos, desde as primeiras escritas e o desejo de ser professora até a concretização da carreira no magistério, a rotina atual e o ofício de escritora. 

Ao metaforizar o mundo em roda gigante, mostra a alegria de viver e o paradoxo de enjoar de "tanto rodar" e ainda querer rodar mais e escrever mais. A frase "Sinto um prazer imenso em formar palavras, frases e parágrafos e ver como me expresso mais e melhor por escrito", é a síntese do livro. 

Rozelia Scheifler Rasia
Professora, escritora e presidente da ALPAS 21


 (Ainda sem capa.)



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