sábado, 23 de julho de 2016

INSÔNIA



             Só quem já sofreu disso pode entender.
             Sabe quando o corpo pede um descanso e a cabeça se recusa a desligar? Tem vezes que nem os olhos querem ficar fechados e vamos acompanhando o passar do tempo pelo relógio de cabeceira, já antevendo o dia seguinte, com aquele cansaço visceral que nos espera.
             Pior é quando estamos cochilando diante da TV, principalmente após o jantar (coisa de velhos, não tem jeito) e despertamos completamente quando resolvemos nos preparar para dormir de verdade.
               O programa de TV, quando escolhido de acordo com a hora, parece que nos embala. Já o travesseiro... este parece que guarda em seu recheio todos os nossos problemas para desfiar um a um no momento em que deitamos nele.
                Nunca quis ter aparelho de TV no quarto, acho viciante, pois me habituo até com o ruído do ar condicionado e demoro a dormir sem ele quando acaba o verão. Entretanto, nessas noites insones, chego a pensar em colocar um.
                É desesperador ficar mudando de posição, puxando e chutando o lençol, virando o travesseiro, rolando de um lado para outro na cama, deitando de bruços, enfim, nada dá certo.
               E nossa cabeça lembrando situações e pessoas, conversas ouvidas no dia, problemas adiados, dúvidas, saudades, planos, enfim, uma verdadeira máquina de tortura.
                A gente conhece a receita: nada de café, chimarrão ou álcool à noite, refeição frugal, relaxamento, horário certo para dormir.
                 O jeito é obedecer, embora não goste muito de regras e a noite seja a minha hora de liberdade, de encontro comigo, de fazer alguma coisa para mim mesma, de soltar as amarras... e depois ter insônia a noite inteira!
                 Como invejo as pessoas que deitam e dormem a noite toda, quase sem se mexer e acordam com uma cara ótima e cheios de disposição!
                  É uma inveja boa, da branca, mas uma inveja, sem sombra de dúvida!




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