domingo, 5 de junho de 2016

VISITAS FAMILIARES



                         - Filho, vamos sair?
                         - Vamos aonde?
                         - Visitar a tia Fulana que está de aniversário.
                         - Vai ter criança lá? Tem jogos? Posso ficar jogando no tablet?
                         - Não, não tem criança, mas é tua tia e está louca pra te ver e conversar contigo.
                         - Tô fora!
                         E daí se segue um berreiro, um show de malcriação, bater de portas e acabam todos ficando em casa, cada um emburrado no seu canto e a tia sem ver ninguém. Porque hoje quem manda na família e nos programas são os menores e os coitadinhos não podem se submeter à chatice de visitar um parente, ou um amigo dos pais, uma vez que a vida para eles tem que ser uma fonte inesgotável de prazer e desejos satisfeitos. Os pais podem suportar mil filmes infantis no cinema, com aquela conversalhada de crianças e pipocas. Podem também enfrentar filas nos shoppings para comprar aquele hambúrguer que dá brinquedinhos, ou a foto com o Papai Noel, mas seus rebentos não devem ser submetidos a nenhum tipo de frustração, como se o mundo adulto que os espera fosse lhes dar essas regalias. Quem sabe essa seja mais uma razão de existirem tantos jovens revoltados e infelizes.
                          Não foi sempre assim. Num tempo pré TV e computador, depois do jantar (lá pelas 19h), as famílias costumavam visitar os parentes e amigos, nos meses mais quentes. No inverno as visitas eram no meio da tarde, desde que não fosse horário de nenhuma refeição. As crianças eram arrumadas, penteadas e recomendadas a não pedir absolutamente nada, a agradecer se lhes fosse oferecido algo e, principalmente, a não se intrometer na conversa dos adultos e a não levantar do lado dos pais. As visitas não costumavam ser muito longas e os pequenos observavam tudo, a formalidade dos maiores, a decoração da casa e só respondiam, timidamente, o que lhes fosse perguntado. Raramente, quando havia crianças na casa, eram convidados a conhecer o quarto dos brinquedos, ou a jogar algum jogo durante a visita. Essas visitas pareciam sempre curtas demais, enquanto as outras se arrastavam. Jamais uma visita saía deixando um rastro de brinquedos e papéis para os donos da casa guardar! Ou faziam cara feia para algum alimento, ou pediam algo especial para seus filhos comerem. A ordem era sempre provar de tudo e não deixar resto no prato.
                           Até visitas de pêsames eram feitas com as crianças! Estas olhavam fixamente para aquela família de preto, com lenços nas mãos e olhos vermelhos, fungando o tempo todo enquanto falavam do ente querido. Uma aula de vida real que era aprendida bem cedo. Nessas visitas, a voz era ainda mais baixa e o tempo menor. Se as crianças gostavam? Acredito que não. Mas não se questionava algo que estava estabelecido nas convenções sociais e familiares, onde os adultos é que decidiam e sabiam o que eram melhor e mais adequado para as crianças.
                            Hoje, parece que as crianças é que determinam o que os adultos podem e devem fazer. Tudo para que os pequenos não se frustrem, não precisem aprender a se resignar, ou a fazer algo que gostem menos, apenas para dar prazer aos pais. Nos shoppings, eles vão direto para a loja de brinquedos ou para a praça de alimentação e ai da mãe, ou do pai que resolva olhar uma vitrine, ou tentar comprar um livro, ou uma coisa para eles próprios! Tudo tem que girar em função do pequeno tirano que, surpreendentemente, nunca parece muito feliz ou satisfeito, sempre querendo mais e melhor e acaba chorando por algum pedido que lhe foi negado, ainda que dez outros tenham sido atendidos.
                         Pior para eles! Vão sentir a hostilidade do mundo adulto com muito mais força e a frustração será constante, aliada a um sentimento perene de descontentamento e insatisfação, gerado por pais permissivos e tolerantes em demasia, que se esqueceram da regra básica de todos os pais, que é amar e educar!
                        Visitar e ensinar os pequenos a se comportar adequadamente numa visita a outros adultos talvez seja um bom ponto de partida. Tentem!





4 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Bom dia, querida Maria Luiza!
Ser obediente vem de berço.... aprendemos a sê-lo e resultou-nos bem...
Ainda bem que meus netinhos são obedientes também mas vamos ver quando cheguem à adolescência que falta pouco...
Bom Domingo!
Bjm muito fraterno

Izabelle Valladares disse...

Bom texto para reflexão, realmente estamos vivendo um momento de muita confusão psicologica, nos pais e nos filhos, como dizem aqui na Bahia "Os postes estão mijando nos cachorros", estou passando por isso, acabo saindo mais vezes sozinha do que com a Bia, resumindo, ela prefere ficar em casa sozinha a me acompanhar em determinados lugares.

Izabelle Valladares disse...

Bom texto para reflexão, realmente estamos vivendo um momento de muita confusão psicologica, nos pais e nos filhos, como dizem aqui na Bahia "Os postes estão mijando nos cachorros", estou passando por isso, acabo saindo mais vezes sozinha do que com a Bia, resumindo, ela prefere ficar em casa sozinha a me acompanhar em determinados lugares.

Izabelle Valladares disse...

Bom texto para reflexão, realmente estamos vivendo um momento de muita confusão psicologica, nos pais e nos filhos, como dizem aqui na Bahia "Os postes estão mijando nos cachorros", estou passando por isso, acabo saindo mais vezes sozinha do que com a Bia, resumindo, ela prefere ficar em casa sozinha a me acompanhar em determinados lugares.