Alguns bebês se ligam às mães no útero por um cordão
umbilical mais grosso que a maioria. Nesses, o umbigo demora um pouco mais para
secar e cair. Isso não tem a menor relevância na relação que essas crianças
terão com suas mães para o resto da vida. Esses laços vão depender de muitos
outros fatores, mais emocionais do que físicos.
Agora, se usarmos essa ligação primeira como referência para
a proximidade de mãe e filho ao longo da vida, podemos dizer que alguns cordões
são bem mais grossos e perenes do que outros.
Quando a mãe não consegue ver o filho como um ser
individual, autônomo, dono da sua própria vida, responsável por suas escolhas e
senhor das suas decisões, metaforicamente estamos estabelecendo um grosso
cordão umbilical, que não foi cortado completamente e não separou a vida da mãe
da vida do filho.
Curiosamente, as mesmas mães que reclamam de falta de
autonomia em relação aos seus pais, que exigem o direito de errar sozinhas, se
recusam a soltar o filho debaixo das suas asas, impedindo-o de voar.
Os filhos crescem, começam a pratear os cabelos e as mães
ainda se preocupam com o agasalho nos dias frios (a velha história do “leva um casaquinho”),
com a alimentação deficitária dos dias atuais, com a maneira como são tratados
pelos companheiros e companheiras, com as horas de sono, com a segurança, com a
prudência no trânsito e até com chuvas e ventos fortes. Na verdade, ela só
descansa quando sabe que o filho está seguro, em casa, bem agasalhado, bem
alimentado e muito bem tratado.
Mães “normais” ficam felizes com o sucesso dos filhos, com
as aventuras que ele ousa fazer, com as viagens inesquecíveis, com tudo aquilo
que abre um sorriso de olhos e boca no seu querubim. No entanto, haja reza para
tudo correr bem e para ele voltar são e salvo para dentro do seu abraço!
As noras e os genros seriam bem mais felizes se entendessem
melhor essa ligação. Se se colocassem no lugar dos filhos e também das mães. Os
pais são muito parecidos, os bons pais só não tiveram o cordão umbilical, mas
possuem um cordão às vezes mais forte com os rebentos, forjado no colo, nas
brincadeiras, nos chamegos, na segurança que oferecem.
Tudo que é demais enjoa e é prejudicial. O amor não pode ser
castrador, nem sufocante. Deve ser assim como asas invisíveis, que protegem,
acompanham, ensinam a voar.
Quando o cordão é cortado logo após o nascimento, o filho já
precisa aprender a usar seus pulmões e a se alimentar com a boca. Se o cordão
imaginário da superproteção não for cortado, o filho não aprende a andar com as
próprias pernas e se torna para sempre dependente e fraco.
Amor nunca é demais. Cobrança, superproteção e controle
podem ser sim.
Hoje está muito frio. Será que meus meninos foram para o
trabalho bem agasalhados?
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