quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

CAIXA DE VIDA



                      Escrevo desde que aprendi a escrever, com seis anos de idade. Não parei mais. Lápis, caneta, giz, carvão, pedaço de pau na terra, máquina de escrever, computador, tablet, celular, pra mim tudo isso só serve como ferramenta pra minha alma conseguir se expressar.
Sou louca pelas palavras escritas! A junção mágica das letras dando voz aos pensamentos e sentimentos. Isso me fascina!
                     Escrevo por hábito, por vício e por necessidade. Só por escrito consigo desabafar, sem brigar, nem explodir. As palavras ditas, gritadas, parecem bombas devastadoras, enquanto as que escrevemos funcionam como tiro ao alvo e atingem só o que ou quem desejamos realmente atingir.
                   À medida que as frases vão se formando, os parágrafos vão sendo construídos, vou conseguindo respirar e entender melhor a avalanche de ideias, emoções e sentimentos que ameaçam me sufocar.
                    Fui uma menina sozinha numa grande casa, entre dois irmãos homens e muitas regras.
                   Viajei muito mais do que desejaria em mudanças de casa e de vida, sempre deixando pessoas queridas para trás.
                   Meu Diário foi sempre o amigo presente, substituindo os parentes e amigos ausentes, uma vez que o telefone jamais me satisfez.
                  Tive Diários desde a adolescência até a envelhescência. Só parei de escrevê-los quando criei o primeiro blog e comecei a editar meus livros. Naqueles tantos cadernos e agendas está a seiva que percorreu minha jornada, porque nunca fui de fazer confidências, fui mais ouvinte do que falante, a não ser com esses amigos queridos, tantas vezes vítimas da indiscrição  de algumas pessoas da família.
                  Pois agora resolvi abrir a grande caixa e, aos poucos, ir relendo e compondo os personagens do romance que está querendo nascer.
                 Não é fácil, nem simples, reviver coisas que talvez fosse melhor ter esquecido. Num Diário raramente contamos alegrias, são desabafos mesmo, coisas que estão perturbando nossa paz interior.
                  Junto com as capas coloridas, algumas fotos, cartões, souvenires; eis que começaram logo a pular de dentro caixa sorrisos, lágrimas, frustrações, choro de bebês, risadas de crianças, sonhos e planos, queixas, desabafos, declarações de amor, autocrítica, autocensura, confidências, suspiros, insônia, sono demais, alegria, euforia, tristeza, mágoa, decepções, medos, angústia, expectativa, fracasso, sim, não, talvez.
                   Enfim, já no primeiro momento, ganharam a liberdade todos esses sentimentos ali aprisionados, tudo aquilo que compõe nossa trajetória pela terra e que chamamos VIDA!
                  Agora, vamos ver como consigo organizá-los para criar algo melhor e mais interessante do que apenas reviver o que já foi vivido.
                  Assim começo mais essa empreitada rumo ao gênero mais completo e complexo da literatura, que é o romance.
                  Vamos lá!





Um comentário:

Francisco Carlos D'Andrea (francari) disse...

Como sempre, aguardando ansioso este teu próximo voo. Sucesso!