sexta-feira, 26 de junho de 2015

REDES MAIS OU MENOS SOCIAIS




                       Nesses novos tempos, as expressões “sociedade” e “comunidade” se esvaziaram, porque cada um se acha dono absoluto da sua vida, dos seus pensamentos, do seu comportamento, faz apenas o que quer e acredita no que quiser.
                       Na busca por admiradores, ou simplesmente para se ver na vitrine, usa e abusa das redes sociais, postando inverdades, aumentado fatos, desonrando pessoas, ou simplesmente bisbilhotando a vida alheia.
                       Poucos usam esses canais de comunicação de forma adequada, para interagir com amigos, trocar experiências, reencontrar pessoas. E esses, muitas vezes, são obrigados a ler e ver coisas extremamente desagradáveis, publicadas com o intuito único de chocar, de revoltar, de tornar mais infelizes aqueles que as leem.
                      Podemos considerar que as redes sociais sejam uma grande vitrine do comportamento humano, em todas as faixas de idade e em todas as condições sociais. A humanidade está doente e isso se evidencia nas postagens, nos mais diversos canais. Milhares de seguidores de gente desclassificada, falsidade absoluta nos elogios, montagens grosseiras, notícias mentirosas e mil outras infestações do vírus humano mais doentio.
                      Nas redes sociais a barbárie é esfregada na nossa cara, cenas grotescas, maus tratos, perversões, fanatismos, tudo elevado à potência do anonimato, ou da forma espúria de postar e correr.
                     Brigas por política, religião e preconceitos são exacerbadas. Aliás, hoje quase tudo o que se diz é considerado preconceituoso e as minorias se alçaram a um patamar de glória absoluta, inatingíveis, coroadas de louros, escarnecendo dos comuns mortais e seus valores.
                     A violência atinge patamares impensáveis, quando nem mesmo os pequeninos são poupados. Tanto na vida real quanto nos canais de comunicação do mundo virtual.
                      A natureza humana está sendo modificada e de carnívoros passamos a herbívoros, considerando atrocidades todos os churrascos que nos prepararam pela vida afora. O leite da vaca é só para o bezerro e o ovo da galinha só para gerar pintinhos, que ciscarão ad infinitum, pois não devem ser comidos.
                       Os animaizinhos de estimação (cada vez em maior número) devem substituir as crianças nos lares e receberem todo o zelo e todo afeto que antigamente se destinavam a elas, vivendo com roupas, sapatos, dormindo nas camas, nos colos, no coração das pessoas, pouco inclinadas a precisar educar e domar os gênios dos rebentos quando entram na adolescência e as cobranças de quem sabe falar e não abana o rabo sempre que ouvir sua voz.
                      Tudo isso assistimos nas redes sociais, que, em última instância, mostram a solidão das pessoas mais velhas, a incomunicabilidade das famílias e a necessidade de afirmação dos jovens.
                       Enganam-se os que menosprezam esse contato, que ridicularizam e temem a exposição, porque não são melhores, nem estão acima, apenas se escondem sob o silêncio, sob a falta de curtidas e comentários, como se não acessassem mil vezes sua rede durante o dia inteiro, apenas bisbilhotando, sem coragem de se manifestar. Nesses casos, melhor os que se mostram, se revelam, porque terão um contato mais verdadeiro com seus semelhantes.
                       Se você não usa redes sociais e se comunica muito com seus amigos, com sua família, com a sociedade, sem ficar preso ao celular ou ao computador, trabalhando efetivamente em prol de uma humanidade melhor – parabéns!
                      Agora, se isso for só fachada... pense melhor e aproveite os benefícios que a rede social pode trazer, quando bem utilizada!




Um comentário:

Francisco Carlos D'Andrea (francari) disse...

"Igual que en la vidriera irrespetuosa
De los cambalaches se ha mezclao la vida"
(Cambalache - Enrique dos Santos Discépolo - 1935).

Da mesma forma que na vitrine sem respeito de um brique, se mistura a vida.