sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CORUJICES



             
 
                 Que atire a primeira pedra quem não achou seus filhos os bebês mais lindos do mundo, depois a criança, o adolescente, o jovem e o adulto mais bonito e mais simpático que todos os demais!
                Netos então! Com menos visão e o coração hipertrofiado não dá pra negar a corujice - os netos são fascinantes, principalmente quando se parecem com a família da gente.
                Vocês certamente conhecem a história da mamãe coruja, que recomendou ao gavião que poupasse seus filhotes quando os encontrasse e que seria fácil reconhecê-los, pois eram os mais bonitos de todos. Claro que foram os primeiros a serem devorados! Por isso somos todos um pouco pais, mães  e avós corujas.
                 Fugindo do inverno no sul numas férias de julho, fui pegar vento e chuva na Bahia, com direito a aposentar os casacos e até curtir uns raios de sol de vez em quando.
                 Férias escolares, alta temporada, muitas crianças, muitos jovens, muita bagunça. Fila para tudo, lojas cheias, axé dia e noite, preços salgados, peixes deliciosos. Nordeste em julho é assim mesmo.
                  Nos passeios, nas praias, na piscina do hotel, no refeitório, em todo lugar muitas crianças e nem todas tão lindas quanto seus pais supunham, ou enxergavam.
                   Eu costumava dizer que bebês e noivas eram sempre lindos, entretanto mudei de ideia. Existe criança feia sim, embora seus pais (quase sempre feios como ela) não se cansem de fotografá-la e exibi-la com orgulho a toda gente. É natural, assim como foi natural à coruja dar a informação errada de sua prole.
                    A obesidade chegou ao Brasil, definitivamente. Além das mulheres (as mais atingidas) e dos barrigões preocupantes dos homens, as crianças também começam a ficar obesas, entupindo-se de guloseimas e refrigerantes, sentadas diante da TV, do videogame e do computador.
                     Lá, pelo menos, até os feinhos se divertem muito, brincando, correndo, nadando, gritando, como crianças de verdade. Certamente estão comendo e dormindo muito melhor, do jeito que a vida dos pequenos acontecia antes dos avanços tecnológicos, da violência urbana, do excesso de automóveis e motos.
                    Senti falta das minhas crianças por lá, até porque não há como não lembrá-las diante daquela algazarra infantil.
                    Acho que os três fariam bastante sucesso, porque são tão bonitinhos, espertos, educados, simpáticos... ops! Será que eu também sou coruja?!








                  

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