Sabe quando a adrenalina sobe, quanto a ansiedade toma
conta, quando os gritos explodem, quando as lentes captam as belezas
circundantes? E sabe o que se sente quando tudo isso passa?
Pois é, um dia depois do início da Copa do Mundo do Brasil,
bem antes de se cantar vitória, mas aliviados com a realização da mesma, apesar
dos protestos de muitos, vem uma sensação de que já não temos o que dizer, onde
focar, sobre o que refletir.
Meu filho médico sugere que se pense no estado de
mendicância do sistema de saúde e me convida a visitar as internações pelo SUS.
O outro filho lembra que, ainda que os recursos destinados à
Copa não fossem usados para esse fim, dificilmente eles iriam cair nas contas
dos hospitais e das escolas. Porque parece que há um entrave monumental
impedindo que esses recursos paguem melhor médicos e professores, aumentem a
capacidade das escolas e leitos nos hospitais, melhorem o desempenho escolar
dos brasileirinhos e humanizem a situação dos doentes pobres.
Nosso povo entendeu bem o recado, está dançando conforme a
música, porque sabe que o Brasil está acima dos partidos e dos governantes, sabem
que o verdadeiro país é formado pelo povo e é a essa terra-mãe que reverenciamos,
vestindo as cores da bandeira, chorando ao cantar o Hino Nacional e torcendo
para não fazer feio nos jogos.
Costumo dizer que sou apolítica, embora considere essa
declaração um atestado de burrice, pois tudo, exatamente tudo em nossa vida,
depende de decisões políticas.
Muitos compatriotas gostariam de não votar mais, de viajar,
curtir uma praia no dia da eleição, ou anular seu voto, deixá-lo em branco.
Desgostosos com os rumos da política, com a surdez dos governos aos apelos
populares, pensam em virar as costas e dar de ombros. Um engano que pode custar
muito caro, pois deixarão que os menos informados escolham e elejam quem vai
mandar em tudo na nossa vida por mais quatro anos.
Outros, apátridas, escondem o rosto e se armam de paus e
pedras para destruir tudo e, assim, onerar ainda mais os cofres públicos,
impedindo que o conta-gotas das verbas necessárias continue mantendo, a duras
penas, os serviços públicos funcionando.
Nossas camisetas,
nossos sorrisos, nossas bandeiras de ontem não escondem a realidade e as
dificuldades do nosso país. Agora é hora de torcer e celebrar, mas até outubro precisamos
redobrar nossa atenção para acertar nas escolhas e impedir que os erros se
perpetuem, ou que sejamos condenados a bater sempre em portas fechadas.
Para os turistas, sorrisos!
Para nós mesmos, consciência, observação e desejo de
acertar!
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