sexta-feira, 13 de junho de 2014

DAY AFTER




                    Sabe quando a adrenalina sobe, quanto a ansiedade toma conta, quando os gritos explodem, quando as lentes captam as belezas circundantes? E sabe o que se sente quando tudo isso passa?
                    Pois é, um dia depois do início da Copa do Mundo do Brasil, bem antes de se cantar vitória, mas aliviados com a realização da mesma, apesar dos protestos de muitos, vem uma sensação de que já não temos o que dizer, onde focar, sobre o que refletir.
                     Meu filho médico sugere que se pense no estado de mendicância do sistema de saúde e me convida a visitar as internações pelo SUS.
                     O outro filho lembra que, ainda que os recursos destinados à Copa não fossem usados para esse fim, dificilmente eles iriam cair nas contas dos hospitais e das escolas. Porque parece que há um entrave monumental impedindo que esses recursos paguem melhor médicos e professores, aumentem a capacidade das escolas e leitos nos hospitais, melhorem o desempenho escolar dos brasileirinhos e humanizem a situação dos doentes pobres.
                     Nosso povo entendeu bem o recado, está dançando conforme a música, porque sabe que o Brasil está acima dos partidos e dos governantes, sabem que o verdadeiro país é formado pelo povo e é a essa terra-mãe que reverenciamos, vestindo as cores da bandeira, chorando ao cantar o Hino Nacional e torcendo para não fazer feio nos jogos.
                     Costumo dizer que sou apolítica, embora considere essa declaração um atestado de burrice, pois tudo, exatamente tudo em nossa vida, depende de  decisões políticas.
                     Muitos compatriotas gostariam de não votar mais, de viajar, curtir uma praia no dia da eleição, ou anular seu voto, deixá-lo em branco. Desgostosos com os rumos da política, com a surdez dos governos aos apelos populares, pensam em virar as costas e dar de ombros. Um engano que pode custar muito caro, pois deixarão que os menos informados escolham e elejam quem vai mandar em tudo na nossa vida por mais quatro anos.
                     Outros, apátridas, escondem o rosto e se armam de paus e pedras para destruir tudo e, assim, onerar ainda mais os cofres públicos, impedindo que o conta-gotas das verbas necessárias continue mantendo, a duras penas, os serviços públicos funcionando.
                     Nossas camisetas, nossos sorrisos, nossas bandeiras de ontem não escondem a realidade e as dificuldades do nosso país. Agora é hora de torcer e celebrar, mas até outubro precisamos redobrar nossa atenção para acertar nas escolhas e impedir que os erros se perpetuem, ou que sejamos condenados a bater sempre em portas fechadas.
                    Para os turistas, sorrisos!
                    Para nós mesmos, consciência, observação e desejo de acertar!






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