quinta-feira, 7 de novembro de 2013

QUERO COLO!



As meninas, quando nascem, costumam aguçar ainda mais o lado protetor da família. Além de todos aqueles adjetivos (no diminutivo), há uma gama de qualidades que só se atribui a elas. Aquele embrulhinho cor-de-rosa é mesmo irresistível e depois aqueles adereços todos, fitinhas no cabelo, enfim, uma menina é uma menina.
De boneca, enfeite do lar, a menina, quando cresce, vai adquirindo outro status, principalmente quando começam os namoros e aquele "desengonçado" (é sempre feio) tem a petulância de se aproximar da princesinha, ou de rejeitá-la. Não tem escapatória. Se for correspondida,  o "guri" será um desaforado, mau elemento, sem futuro, petulante e ainda ousa encostar na sua bonequinha, ou roubar-lhe alguns beijos (que ela adora). Se não a quiser, quem ele pensa que é? Fazer chorar sua menina perfeita, ele não valendo nem o ar que respira?!
Passados esses entraves rotineiros, casa-se a menina, o genro fica amado por todos se a fizer feliz (como é que a felicidade da gente pode residir no outro?) e a menina-mulher principia sua própria família. Passa de filha a mãe, nunca deixando, no entanto, de ser a filhinha da sua mamãe. Cuida dos filhos, descobre o que é "padecer no paraíso" e corre para os braços dos pais sempre que alguma coisa dá errado.
Então, um dia, os pais ficam velhos demais para solucionar seus problemas e nem os deles próprios já conseguem resolver. E a filha, que já é mãe dos seus filhos, passa a ser mãe dos seus pais também. Duas vezes Mãe e nenhuma vez Filha. Sente-se órfã, abandonada, sozinha, porque seu marido também precisa dela como Mãe muitas vezes. Então a bonequinha, a princesinha, a filhinha protegida precisa encontrar seu novo papel no mundo, que é o de Mãe de todos.
Assim somos nós, mulheres, numa trajetória bem resumida. A abordagem do papel feminino foi apenas na relação mãe x filha. Muitos outros papéis nos forma reservado na vida, ou conquistados por nós. Somos fortes! Não desistimos diante dos percalços, nem esmorecemos no meio da batalha, todavia somos humanas e temos nossas fragilidades e nossos momentos de fraqueza também.
Meu pai costumava recitar para nós uma frase da “Canção do Tamoio” de Gonçalves Dias: "A vida é combate que aos fracos abate, aos fortes, aos bravos só pode exaltar”.
 Só que, às vezes, dá uma vontade de ser fraca também!



2 comentários:

Elisabete Stolarski disse...

Verdade... de tanto sermos fortes, chega uma hora que gostaríamos de ser um ''pouquinho'' fraca, só para ganhar um colinho.

Lucia disse...

Texto realíssimo e bem feito. Se não fossem as mulheres...