As
meninas, quando nascem, costumam aguçar ainda mais o lado protetor da família.
Além de todos aqueles adjetivos (no diminutivo), há uma gama de qualidades que
só se atribui a elas. Aquele embrulhinho cor-de-rosa é mesmo irresistível e
depois aqueles adereços todos, fitinhas no cabelo, enfim, uma menina é uma
menina.
De
boneca, enfeite do lar, a menina, quando cresce, vai adquirindo outro status,
principalmente quando começam os namoros e aquele "desengonçado" (é
sempre feio) tem a petulância de se aproximar da princesinha, ou de rejeitá-la.
Não tem escapatória. Se for correspondida, o "guri" será um
desaforado, mau elemento, sem futuro, petulante e ainda ousa encostar na sua
bonequinha, ou roubar-lhe alguns beijos (que ela adora). Se não a quiser, quem
ele pensa que é? Fazer chorar sua menina perfeita, ele não valendo nem o ar que
respira?!
Passados
esses entraves rotineiros, casa-se a menina, o genro fica amado por todos se a
fizer feliz (como é que a felicidade da gente pode residir no outro?) e a
menina-mulher principia sua própria família. Passa de filha a mãe, nunca
deixando, no entanto, de ser a filhinha da sua mamãe. Cuida dos filhos,
descobre o que é "padecer no paraíso" e corre para os braços dos pais
sempre que alguma coisa dá errado.
Então,
um dia, os pais ficam velhos demais para solucionar seus problemas e nem os
deles próprios já conseguem resolver. E a filha, que já é mãe dos seus filhos,
passa a ser mãe dos seus pais também. Duas vezes Mãe e nenhuma vez Filha.
Sente-se órfã, abandonada, sozinha, porque seu marido também precisa dela como
Mãe muitas vezes. Então a bonequinha, a princesinha, a filhinha protegida
precisa encontrar seu novo papel no mundo, que é o de Mãe de todos.
Assim
somos nós, mulheres, numa trajetória bem resumida. A abordagem do papel
feminino foi apenas na relação mãe x filha. Muitos outros papéis nos forma
reservado na vida, ou conquistados por nós. Somos fortes! Não desistimos diante
dos percalços, nem esmorecemos no meio da batalha, todavia somos humanas e temos
nossas fragilidades e nossos momentos de fraqueza também.
Meu
pai costumava recitar para nós uma frase da “Canção do Tamoio” de Gonçalves
Dias: "A vida é combate que aos fracos abate, aos fortes, aos bravos só
pode exaltar”.
Só que, às vezes, dá uma vontade de ser fraca
também!
2 comentários:
Verdade... de tanto sermos fortes, chega uma hora que gostaríamos de ser um ''pouquinho'' fraca, só para ganhar um colinho.
Texto realíssimo e bem feito. Se não fossem as mulheres...
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