terça-feira, 17 de setembro de 2013

GRACIAS A LA VIDA!




            Conheci Buenos Aires aos dezoito anos, quando pouco tinha viajado para fora do meu Rio Grande do Sul. Na época, achei tudo imenso, majestoso, sedutor.
             Só fui rever a capital portenha agora, quarenta anos depois e após ter conhecido vários países e cidades inesquecíveis. A impressão foi outra, devido à maturidade e aos conhecimentos advindos desde então. Aliado a isso, um frio imprevisto e rigoroso demais, acompanhado de forte chuva e ventos cortantes contribuíram para empanar o brilho de uma cidade sempre importante, sempre conquistadora.
             Mesmo assim, podemos desfrutar de aquecimento em todos os lugares, de banheiras envolventes nos hotéis, de vinhos deliciosos e, principalmente, de uma festa para os sentidos nas apresentações de tango e na beleza plástica dos bailarinos, cantores e músicos.
             Os monumentos, as histórias, a imponência das embaixadas e, sobretudo, a beleza indescritível do Teatro Colón preencheram as lacunas deixadas pelo que poderíamos ter presenciado no Caminito, na Feira de Santelmo e em outros eventos ao ar livre, cancelados pelo mau tempo. Pelo menos a chuva esperou até visitarmos a Catedral e o Zoológico de Luján, passeios divertidos e cheios de significado.
             Todos os motoristas de táxi se queixavam da Presidente e da decadência financeira da Argentina. O povo perdeu muito da conhecida arrogância, porque se sente desvalorizado, com uma moeda três vezes menos valiosa que a dos brasileiros. Os golpes de dinheiro falso aumentaram consideravelmente e os turistas pagam sempre mais caro, como em quase todos os países. Muito lixo nas ruas, muitos copos, garrafas e sacos plásticos se acumulando nos locais de peregrinação.
            As pessoas caminham muito mais em Buenos Aires, de dia e de noite, com seus casacos grossos, cachecóis, botas, gorros de lã, mas caminham muito e rápido por oito, dez quarteirões, sem achar que é distante, ou que precisariam pegar um táxi para isso.
            Que sua padroeira – a Virgén de Luján – devolva aos hermanos sua auto-estima (sem prepotência) e que a América do Sul possa se desenvolver com autonomia, sobriedade e equilíbrio é o que todos queremos.
            Depois de admirar tantas belezas, de descansar o corpo e a cabeça e de receber tantas homenagens, só posso dizer:
            - Gracias a la vida!


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