quarta-feira, 26 de junho de 2013

CABEÇAS BRANCAS




          Dia desses, espontaneamente, eu me referi aos meus contemporâneos como "cabeças brancas". Fica a ressalva: ou tingidas.
         Aos poucos vamos deixando de ser morenos, loiros ou castanhos e passamos a nos uniformizar no branco ou nas cores da moda.
         A maioria dos "guris" assume a neve das têmporas, ou mesmo da cabeça toda, dando graças de poderem ver seu cabelo branquear antes de sumir.
         Já as "gurias" mais conservadoras (como eu) tentam manter a cor mais próxima do natural, enquanto as mais modernas aproveitam para se ver em todos os matizes.
        O fato é que nossos cabelos estão branqueando rapidamente. E daí?
        Trabalhei trinta anos em colégios e universidades, mesmo assim considero minha aposentadoria um desperdício da capacidade. Não fosse a miséria dos salários, eu e muitos professores poderíamos ficar mais uns vinte anos ensinando o que levamos tanto tempo para aprender bem.
       O fato é entre os cinquenta e os setenta anos estamos no auge da nossa capacidade intelectual, porque ela vem aliada a muita cultura aprendida em viagens, leituras, conversas com nossos pares, possuidores de igual bagagem. Sem falar na maturidade, que nos ajuda a separar o joio do trigo muito mais facilmente.
        Reparem na televisão, por exemplo, como os "cabeças brancas" estão no topo da política, das empresas, das pesquisas, das universidades, dos ministérios, dos bancos, do jornalismo (que delícia ver Caco Barcellos e Sandra Passarinho em suas reportagens!) e num sem número de outros cargos importantes. Juízes, cientistas, médicos, ministros, bispos, pastores, parece que a prata nos cabelos lhes confere o ouro da capacidade e da sabedoria.
        Então, meus caros contemporâneos, aceitemos nossos cabelos brancos ou tingidos, porque, a não ser em honrosas e maravilhosas exceções,  os jovens só são mais capazes ... onde mesmo?
        Ah, nos esportes, com certeza!


    

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