terça-feira, 9 de abril de 2013

IMAGEM CONGELADA



                    
         Como você se vê? Será que ainda se reconhece nas fotos, nos espelhos, nos detalhes? Ou se surpreende com aquela imagem envelhecida que eles lhe devolvem e que não corresponde absolutamente ao seu retrato pessoal, àquele que acompanha a sua alma e que ficou congelado em suas retinas?
         Cada vez com maior frequência tenho tido desses "sustos", quando surpreendida interagindo com os netos e ainda rivalizando (na foto) com aquela pele de bebê que eles têm. Somos avós, é natural, a questão é que dentro de nós se cristalizou a imagem de uma pessoa que não existe mais.
         Nas festas, quando nos produzimos e ainda fazemos poses para as fotografias, quase sempre saímos bem, às vezes até melhores do que "ao vivo".
         No dia a dia, entretanto, quando alguém captura nossa imagem sem preparação prévia, muitas vezes o choque é inevitável. Envelhecemos, engordamos, enrugamos e não fazemos mais juz àquela imagem congelada dos áureos tempos, nem à jovialidade do nosso espírito. O Inverno então piora tudo, porque nos encolhemos, a pele quebra, o viço some, a alegria é bem mais contida.
         Já se olhou no espelho de manhã, de cara lavada, de pijama, despenteada (o), morrendo de frio? E então? Vai dizer que se achou bem?
          Pois eu preciso desprogramar minha mente e reprogramá-la para esta nova fase da vida, onde a alma se agiganta, o espírito se eleva, a sabedoria atinge seu auge... mas o corpo físico sofre o impacto de tantas emoções, tantos bronzeamentos, tantos invernos rigorosos, tantas lágrimas de tristeza, de alegria, de sensibilidade e, por meios naturais, não há como driblar a passagem do tempo.
          Estou quase chegando ao ponto de só permitir fotografias numa distância "segura", onde a paisagem seja maior que a pessoa. Ou então, no ponto em que a minha avó costumava rasgar quase todas as fotos em que aparecia. Hoje eu entendo por que, é que ela não se reconhecia ali, pois tinha congelado outra imagem dela mesma.
          Numa foto dessas em que a aparência não condiz com  o espírito, ainda mais contracenando com anjinhos lindos de pele de pêssego e cabelos sedosos, o choque é inevitável. De óculos então... mas quem sabe este "choque" sirva para que a gente vá se acostumando melhor às mudanças.
          A pergunta é sempre a mesma: - Será que sou eu mesma? Cruzes! Jurava que era bem mais moça e muito mais bonita...





      

Um comentário:

Elisabete Stolarski disse...

É minha amiga... o tempo é implacável... ainda bem que ainda podemos tirar fotos... daqui a pouco teremos que nos contentar com fotos a distância, onde quem mais aparece são os jovens. O consolo é que nós um dia também já fomos jovens, e eles também vão chegar lá...