segunda-feira, 18 de março de 2013

DESAMOR



Pior que a infidelidade é o desamor.
Aquela indiferença que vai minando tudo, fazendo com que o outro se encolha, perca o prumo, desista de encantar.
No começo tudo é compatível, afim. Com o tempo, as afinidades vão desaparecendo e um abismo de diferenças se sobrepõe ao casal. Então o gosto pelos clássicos era forjado? E a TV se tornou melhor que o teatro, o cinema? A literatura mudou de gênero, até a culinária diversificou. Já era tudo diferente, ou se tornou com o passar do tempo?
Pior que trair é ignorar. Não reparar mais nos detalhes e relaxar, como se não houvesse mais motivo para tanto zelo.
Por onde andam os braços de polvo, cheios de mãos abraçando, acariciando, protegendo? Os olhos nos olhos, o fungar no pescoço, o namoro?
Pior que ser infiel é ser desinteressado. Apático, mal-humorado, sorumbático. Porque o infiel, na mais das vezes, desmancha-se em agrados e mimos, tentando compensar seus deslizes. Mas o desinteressado não deve (ou acha que não) e não encontra motivos para encantar ou encantar-se com um amor que já não sente.
O que mata o amor não é a traição, é o desamor.



Um comentário:

Anônimo disse...

QUE TEXTO CHEIO DE VERDADES. Teu conhecimento da psiquê humana está cada vez mais refinado. Parabéns, Elizabete