O sol se negava a aparecer na praia, um cão uivava insistentemente
ali perto e eu, inexplicavelmente, acordei com a alma pesada, sorumbática.
Resisti a entrar nas redes sociais, privilegiando uma
caminhada à beira mar.
Na hora do almoço, no restaurante de sempre, sentamos bem
próximos à uma TV ligada, mas sem som. No primeiro gole da caipirinha famosa,
meus olhos distraidamente percorrem a tarjeta abaixo da imagem de um incêndio, onde
custo a crer no que vejo escrito: mais de duzentos mortos numa boate no sul!
A partir daí, os sentimentos vieram num crescendo: angústia,
estupefação, pena, tristeza, solidariedade e as lágrimas nem pediram licença
para descerem no rosto.
Como sempre, coloquei-me no lugar daquelas famílias e meu peito
quase explodiu de dor!
Inenarrável o que sentimos ao ver aqueles corpos lindos,
jovens, estendidos inertes na calçada fria.
Então, até para acalmar a opressão crescente e perigosa, imaginei
São Pedro sorrindo, com as chaves do Céu na mão, recebendo aquela gurizada
bonita demais, alegre demais, inteligente demais, ruidosamente adentrando a
casa do Criador e enviando, pelos celulares do coração, mensagens de força e
conforto aos seus pais, seus irmãos, seus avós, seus amigos. Com toda a
certeza, o Céu está muito mais bonito!
Santa Maria, que dá nome à cidade onde eles nasceram, ou
escolheram para estudar e morar, não deixará que lhes falte nada, com aquele
desvelo de Mãe sempre pronta a aconchegar, beijar e distribuir carinho.
O Céu está muito mais inteligente, porque os jovens que para
lá se dirigiram são estudiosos, capazes, de boa formação e nunca fizeram mal a
ninguém.
Aqui na terra é que os anjos precisarão se multiplicar,
tentando preencher lacunas imensas, no espaço onde a juventude, em sua pujança,
costuma se espalhar. Eles vão fazer muita falta por aqui!
O que consola é que, com certeza, hoje tem festa no Céu!
3 comentários:
Há dois dias sinto meu coração pesado, de luto. Choro quando vejo mães, pais, amigos chorando. À noite, está difícil dormir. Ligo para meus filhos, que moram longe de mim, e peço que não vão a lugares fechados. Mas como impedir jovens de viver a vida... Só o que posso fazer, no momento, é rezar e pedir a Deus que eles sejam felizes onde estiverem, apesar da dor que ficou aqui.
Lia
Também eu Lia liguei para o meu filho mais novo, que mora em São Paulo, e pedi que ele evite esses lugares, que examine bem o lugar aonde vai se divertir. E senti ainda mais saudade dele!
Quando minha filha saía a noite com as amigas para ir na balada, minha preocupação sempre foi com acidentes, assalto, jamais me preocupei com a segurança do lugar onde ela ia. Hoje só de pensar nisso fico angustiada. Quem é mãe sabe o quanto nossos filhos nos preocupam. Não dá para imaginar nem de longe a dor que estas famílias estão sentindo. Que DEUS lhes dê o conforto nesta hora.
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