domingo, 30 de dezembro de 2012

REFLEXÕES DE ANO NOVO


                 Nada como uma manhã Plena, com meu filho que mora longe finalmente em casa, para iniciar as reflexões sobre o ano que finda e as expectativas para o que vai iniciar.
                  O calor abrasador tinha dado uma trégua, porque estávamos à beira da exaustão, derretendo o dia inteiro, cansando até para caminhar, saindo do banho "melados", mas agora voltou com força total.
               Cogitamos até de entregar o Prêmio Nobel ao inventor do ar condicionado e a latinha de cerveja gelada quase destronou a cuia de chimarrão.
                Não foi um ano fácil, nem simples. Quem administra três casas e um batalhão de cuidadoras não pode dizer que tudo é tranquilo. Em compensação, tive momentos plenos, com honrarias que nem sei se mereço, prêmios em concursos literários, reconhecimento por uma vida de letras e pensamentos.
                Completar mais um aniversário doeu menos do que eu esperava. A data é o de menos, duro é saber que já vivemos tudo isso e constatar o desgaste natural.
               Gosto muito de anos ímpares, espero que 2019 não me decepcione!
               Sei que nosso maior inimigo continuará sendo a natureza, por mais estranho que isso possa parecer. Ela foi descuidada, maltratada, poluída e agora revida da forma magistral que sabe: raios, trovões, ventanias, tempestades, nevascas, secas, inundações, terremotos, tsunamis, tufões, invernos gélidos e verões com calor infernal.
               Há que se ter consciência, senão o mundo acaba mesmo; não por alguma predição de quem quer que seja, mas por saturação dos recursos naturais.
               Quando me diziam que um dia as pessoas comprariam água para beber eu não acreditava... hoje, ainda correm o risco de comprar água falsificada em garrafinhas supostamente de água mineral.              
               Passa das 8h e sou o único ser acordado nesta casa... também, ontem a noite se estendeu muito com a chegada do caçula.
               Nos dias que antecederam o Natal fiz uma lista de pedidos ao Papai do Céu.
               Nesta véspera de Ano Novo, para não parecer ingrata, pretendo enumerar os agradecimentos.
                Em primeiro lugar, não podemos deixar de agradecer pela saúde, bem maior que nos move ao encontro de muitos outros.
                Quem vive em paz e harmonia com sua família deve levantar as mãos para o Céu também. Família é o que há de melhor no mundo, mas, na medida em que ela vai se desdobrando e agregando novas pessoas, oriundas de outras famílias, com outros valores, é preciso sabedoria e boa vontade para contornar os problemas e afinar o novo grupo.
                Agradeço aos Céus todos os dias pelo dom de escrever e por conseguir atingir a sensibilidade dos meus leitores. Não sobreviveria sem minhas letrinhas e espero contribuir com elas para algumas reflexões necessárias durante nossa caminhada pela vida.
               Muitas vezes, durante dias escuros, vocês - que estão do outro lado desta telinha - foram a luz que confortou, abraçou, deu forças, incentivou minha existência, mesmo sem que soubessem disso. Por isso, vou sempre agradecer por esse mundo virtual e pelo tanto de apoio e carinho real que recebo dele.
              O que se espera de um ano que começa?
              Um calendário mil vezes consultado que se joga fora, uma nova data no talão de cheques, uma sensação absurda de recomeço?
              E se não houvesse calendários? Se fosse sempre e apenas um dia após o outro? Diminuiria a esperança?
              Sim, porque a tônica do Ano Novo parece mesmo ser a ESPERANÇA.
              Como pensar em resolver aqueles problemas emperrados se não mudar o ano?
              De onde tirar a certeza de que tudo vai mudar pra melhor se não trocar a folhinha na parede?
             Desmontar a árvore de natal, enxugar a decoração da sala, limpar as gavetas, zerar as contas, refazer as promessas de sempre; dieta, ginástica, abandono de vícios, hábitos regrados, tudo enfim que foi menosprezado nas festas de fim de ano.
             E todos os anos fazemos tudo igual.
             E a cada ano sentimos alívio quando aquele termina, culpando o coitado por tudo de ruim que fizemos ou que nos aconteceu.
             Estouram rolhas de champanhe e fogos de artifício para saudar a nova data, esquecendo, às vezes, que ela representa um ano a mais para o mundo e um ano a menos para nós.
            O ciclo se cumpre mais uma vez: natal, ano novo, carnaval, volta às aulas, páscoa, dia das mães e por aí vai.
            Não seria melhor a gente caprichar no dia a dia, deixar de empurrar decisões importantes para o próximo ano e diminuir a nossa expectativa?
            Senão, parece essa retrospectiva dos canais de TV, que garimpam tudo de pior que sucedeu nos últimos 12 meses, sem citar as coisas boas - que certamente existiram - contribuindo, assim, para esse clima, de "arrasar" nas comemorações de fim de ano, num pseudo exorcismo de fatos dos quais sequer participou.
            2017, 2018... não é isso que importa de verdade. Afinal, na nossa derradeira morada só constarão duas datas - a do ano em que nascemos e aquela em que nosso tempo de atuação na terra findou.
           A poucos dias do final do ano, gentes diferentes se preparam do jeito que sabem e conseguem.
         Tem gente sozinha se sentindo abandonada, esquecida, injustiçada.
         Tem gente sozinha feliz da vida com a liberdade e a autonomia que conquistou.
         Muitos não tem mais nem lugar para sentar, ou dormir em suas casas de praia, passando o dia cozinhando, lavando, limpando, enquanto seus hóspedes se bronzeiam.          Há os que são tribais, adoram aquela muvuca dentro de casa, fila pra banheiro, vozes alteradas.
          E não faltam os patéticos fogueteiros, que assam uma chuletinha e soltam rojões todas as noites durante as festas de final de ano.
          E a cerveja?  
          Cruzes!
          Pra não fugir do tema "agradecimentos" a que me propus neste finalzinho de 2018, claro que só temos a agradecer a quem veio de longe nos abraçar, a quem se sujeitou aos incômodos da superlotação pra ficar perto de nós na virada do ano, às plantas verdinhas de tanta chuva-chuvisco sobre elas, ao empenho dos turistas que estão pagando diárias bem caras para tomar chuva na praia e enfrentar o pior trânsito do mundo, a quem conseguiu se livrar de um saco pesado de ressentimentos e vai iniciar 2019 com a alma mais leve, a quem nos afaga, nos sorri, tem paciência com nossas rabugices e, principalmente, a quem não esquece de tantos lutando com problemas verdadeiros e se solidarizando com eles. Obrigada Pai!
           Já que um novo calendário se impõe. Uma vez que somos obrigados a cumprir o ritual de passagem de um ano para outro. Considerando que há sempre tanto a dizer, mas pouco tempo para escrever e pouca gente com disposição para ler nessa época de churrasqueiras fumegantes e vozerio... quero  encerrar com quem foi o Mestre dos Mestres nas Letras Portuguesas e fala da forma e da necessidade da gente se reinventar.

           Feliz 2019 para todos vocês!

“Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada madrugada, numa revirgindade perpétua de emoção – isto, e só isto, vale a pena ter ou ser, para ser ou ter o que imperfeitamente somos.”
 Livro do Desassossego
FERNANDO PESSOA



Um comentário:

Unknown disse...

oi, vim aqui deixar um abraço de final de ano e desejar para vc que continue o sucesso do blog.
Beijos