No último blackout da ilha fiz essa reflexão.
Acendi algumas
velas (para deleite da Bruna), abri a porta de vidro da sacada e sentei no sofá
olhando para o escuro da rua, de tempos em tempos iluminada pelos faróis dos
carros, por alguma lanterna ou até por celulares.
Incrível o
silêncio! Que diferença das noites com aparelhos de TV ligados em todos os
apartamentos! Já não lembrava mais dessa quietude, do tempo passando
devagarzinho, do jantar saboreado à luz de velas sem nenhum apresentador
gritando ao lado. E, é claro, meu pensamento voou para a Mariz e Barros, num
tempo em que faltava muita luz no Alegrete e com frequência jantávamos à luz de
velas, com lindos candelabros de prata onde cabiam muitas velas e dava até para
fazer a tarefa da escola com aquela luz.
Depois que
Bruna cantou muitos “parabéns”, apagou as velas diversas vezes e brincou com
todas as lanternas, ela foi para casa com seus pais e eu fiquei matutando. Para
mim, mesmo sem luz, não é difícil ficar só, porque minha mãe mora no andar de
baixo, o filho no de cima, então, mesmo só não estou sozinha.
Agora, com o
número de pessoas que estão investindo cada vez mais em viver sós, no máximo
com algum animal de estimação, queria ver o que elas pensariam se vivessem sem
televisão, sem rádio, sem computador, apenas com elas mesmas e com o silêncio.
O silêncio pode ser ensurdecedor às vezes!
Eu tenho fama
de ermitã, de gostar dos momentos de calmaria, de não apreciar telefone, de não
precisar de muita gente em volta ou de agenda cheia para ser feliz. Um bom
livro, um bom filme, uma boa música, um chimarrão espumante, um vinho tinto com
queijo, tudo isso me completa e me dá muito prazer.
Entretanto, as
horas à luz de vela são bem compridas, as opções diminuem bastante e periga a
solidão pesar.
Como disse no
título, no escuro essas coisas ficam mais claras para a gente.
E viva a luz!
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