segunda-feira, 13 de agosto de 2012

NO ESCURO FICA MAIS CLARO



No último blackout da ilha fiz essa reflexão.
Acendi algumas velas (para deleite da Bruna), abri a porta de vidro da sacada e sentei no sofá olhando para o escuro da rua, de tempos em tempos iluminada pelos faróis dos carros, por alguma lanterna ou até por celulares.
Incrível o silêncio! Que diferença das noites com aparelhos de TV ligados em todos os apartamentos! Já não lembrava mais dessa quietude, do tempo passando devagarzinho, do jantar saboreado à luz de velas sem nenhum apresentador gritando ao lado. E, é claro, meu pensamento voou para a Mariz e Barros, num tempo em que faltava muita luz no Alegrete e com frequência jantávamos à luz de velas, com lindos candelabros de prata onde cabiam muitas velas e dava até para fazer a tarefa da escola com aquela luz.
Depois que Bruna cantou muitos “parabéns”, apagou as velas diversas vezes e brincou com todas as lanternas, ela foi para casa com seus pais e eu fiquei matutando. Para mim, mesmo sem luz, não é difícil ficar só, porque minha mãe mora no andar de baixo, o filho no de cima, então, mesmo só não estou sozinha.
Agora, com o número de pessoas que estão investindo cada vez mais em viver sós, no máximo com algum animal de estimação, queria ver o que elas pensariam se vivessem sem televisão, sem rádio, sem computador, apenas com elas mesmas e com o silêncio. O silêncio pode ser ensurdecedor às vezes!
Eu tenho fama de ermitã, de gostar dos momentos de calmaria, de não apreciar telefone, de não precisar de muita gente em volta ou de agenda cheia para ser feliz. Um bom livro, um bom filme, uma boa música, um chimarrão espumante, um vinho tinto com queijo, tudo isso me completa e me dá muito prazer.
Entretanto, as horas à luz de vela são bem compridas, as opções diminuem bastante e periga a solidão pesar.
Como disse no título, no escuro essas coisas ficam mais claras para a gente.
E viva a luz!


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