O que é ser gaúcho eu
penso que sei, já o que é ser carioca é uma pergunta que sempre me faço.
Pelas peculiaridades de cada um desses povos entendo que ser um ou outro é bem
mais do que apenas ter nascido lá ou cá.
Sei que nem todo riograndense é gaúcho, assim como nem todo gaúcho é
riograndense. O oeste de Santa Catarina e do Paraná, o centro-oeste do país e
mesmo o pampa argentino possui hábitos e preserva tradições idênticas às dos
gaúchos do Rio Grande do Sul; por outro lado existe gente nascida "no
miolo” do Rio Grande que não sabe sequer cevar um mate ou apreciar um bom
churrasco.
Agora, o que me deixa encafifada é tentar imaginar como é ser carioca, falar
com aqueles chiados todos, viver num cartão postal, ver na TV seus vizinhos em
badaladas novelas e os noticiários dando a entender para o resto do país e do
mundo que no Rio só tem traficante, violência, assaltos e balas perdidas (e
achadas!). Enquanto isso, o povo esticadinho na praia, sacudindo o esqueleto em
rodas de samba, sem saber o que é dormir "entrouxado", ou a
dureza de tirar três ou quatro blusas quentinhas para enfrentar um chuveiro. No
Nordeste também não faz frio, dirão alguns, só que lá também não tem as belezas
(em todos os sentidos) e as mordomias do Rio. O que será ser carioca afinal?
E catarinense, espremido entre o Rio Grande do Sul e o Paraná, com um folclore lutando
para não ser absorvido por outras culturas e um sotaque açoriano totalmente
sufocado pelos "bah” e pelos "tchê"?
Bem, isso já é assunto para outra crônica.
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