sábado, 30 de junho de 2012

O PREÇO DO AMOR

    Num recente programa de televisão, uma filha está cobrando na justiça o desamor do pai, que precisou reconhecê-la como filha após um teste de DNA.
    O amor de um pai, ou de uma mãe por seus filhos é necessário, decisivo, insubstituível, no entanto, nem sempre tão “natural” e espontâneo quanto deveria ser.
     Se o juiz der ganho de causa a essa filha, abrirá um caminho para uma difícil jurisprudência. Quanto vale o amor de um pai em reais? E os pais que sempre viveram junto dos filhos que geraram, ou adotaram e, mesmo assim, não conseguem amá-los?
     Já que se vai estipular monetariamente o valor do amor, quantas esposas poderão cobrar, com juros e correção, o amor que pouco ou nada  receberam de seus maridos?
     O inverso também existe, mais até do que se imagina. Maridos muito mal amados que poderão tentar reaver o prejuízo, assim como pais abandonados, avós esquecidos, irmãos injustiçados e um sem número de situações familiares passíveis de tentarem ressarcimento judicial para suas carências.
     Afinal, o que é o amor? É ensinado? Treinado? Inerente ao ser humano? Imposto?
     Como se pode cobrar algo que depende de tantos fatores?
     Como, lá pelas tantas da vida, alguém pode obrigar alguém a amar um ser do qual nem teve conhecimento até então? Uma pessoa da qual não conhece nada, com quem não teve a menor convivência?
     Por outro lado, quem substituirá, naquela pessoa, o amor primeiro da vida de cada ser humano? Se os pais foram irresponsáveis e se não pensavam em gerar um filho nas suas safadezas, a criança é a maior vítima e não deve ser responsabilizada ou menosprezada por nada.
     Se a moda pega, a fatura vai ser alta... cobrar pelo amor negado, regulado, dividido, sucateado... nêgo vai ter que fazer uma poupança bem recheada para acertar suas contas amorosas, porque, fala sério, amor mesmo, aquele de encher os olhos, aveludar os ouvidos e transbordar o coração, esse parece que está em extinção faz é tempo! 







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