Você já conseguiu terminar algum
sabonete? Duvido.
Quando
eles são em barra, sobram fatias finíssimas nos banheiros dos econômicos, ou se
amontoam junto a outros de cores e aromas diversos nos banheiros dos
desperdiçados. Mas não acabam.
Do sabonete líquido fica quase um terço retido no frasco dos perdulários, ou
ele se transforma num líquido ralo e quase sem espuma (porque
misturado à água) nos banheiros das mãos mais fechadas. E também dificilmente
são usados até o final.
Casamentos
onde há filhos são mais ou menos assim - intermináveis.
Quando
acabam bem, o que os eterniza são os traços físicos ou de personalidade dos
filhos; as manias, os gestos, a voz e outras características hereditárias.
Para
os que terminam em litígio sobram explorações, calúnias, abusos, ameaças e um
ressentimento eterno, maldizendo aqueles mesmos traços, físicos ou de
personalidade, que o pobre herdeiro ousou herdar do cônjuge detestado, ou
do cônjuge explorado.
Dizem que quem pensa não casa e quem casa não pensa. Claro que esse pensamento
é muito radical. Casamento, quando é bom, é a melhor coisa do mundo! É
parceria, companhia, divisão, multiplicação e, sobretudo, soma.
Agora,
quando esta união não tem bases sólidas, quando nenhum ou um dos dois não
consegue renunciar a seu egocentrismo; ou quando valores, planos, metas são
completamente díspares, o casamento se transforma numa sociedade fadada ao
fracasso. Isso quando o nível não desce e aqueles beijos e abraços iniciais,
embalados pelos hormônios, se transformam em pedradas e todo tipo de baixaria.
Seria muito bom que os jovens pensassem antes
de ter filhos, que aquela união será eterna, mesmo que todos os
juízes do mundo a anulem. Porque genes e cromossomos não se anulam e, lá pelas
tantas, surgirá, em cada geração, um pedacinho de cada um do casal inicial, por
mais que eles se odeiem.
Se do casamento, feliz ou não, nasceram descendentes, é melhor tentar viver em
paz, tentar uma conciliação possível, tentar um relacionamento mais próximo do
amigável, porquanto esta união será, com certeza, interminável como sabonete!
Um comentário:
ESTA É UMA DAS MINHAS MELHORES CRÔNICAS, NO MEU ENTENDER.
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