segunda-feira, 2 de abril de 2012

BLOQUEADA

     Primeiro foi a parede que estufou, sei lá por que razão, e criou uma barriga de azulejos na cozinha. Pedreiros andando pela casa... bem como não gosto, mas fazer o quê?
     Depois foi ainda pior, fui euzinha que me esborrachei na calçada, assim como fruta madura e ralei todo o joelho. Ainda bem que ninguém riu, porque havia muitas pessoas no ponto do ônibus, bem pertinho do tombo.
     Fui criança muito levada, vivia cheia de machucados, entretanto, nem lembrava mais como esses raspados dóem!
     Por isso e porque ainda não me sinto bem normal, prefiro mexer nas fotos do Facebook, encontrar novos amigos, ler jornal, do que escrever. Parece que minha cabeça está vazia e não há nada para ser dito.
     Como tudo, isso também passará. Ficará bonito como a parede da cozinha quase pronta. Meu joelho há de dar uma trégua e cicatrizar.
     Meu filhote está aqui comigo, veio passar os feriados e eu não saio do fogão preparando tudo o que ele gosta.
     Para escrever, é preciso espremer a alma, desligar o mundo, levitar.
    Hoje estive bem pertinho do chão, aliás, deixei minha pele lá mesmo, então, não dá pra pensar em sonhos, devaneios, críticas.
     Só passei mesmo pra dizer isso a vocês.
     Estou bloqueada.
     Só hoje.

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