Não
me refiro à dor física, mas à dor moral, à dor de sentimento, à prima irmã da
mágoa e da decepção. Quem nunca a sentiu?
Mesmo
as dores do corpo diferem de pessoa para pessoa, dependendo da resistência e da
sensibilidade de cada um. Nesse tipo de dor o agente externo não é o mais
relevante, pois o mesmo processo pode ser mais ou menos doloroso para cada um. Basta
que se observem os partos e a reação de cada mulher a eles.
Nas
dores da alma o causador é que faz toda a diferença. Pouco nos importamos com
traições, ofensas e xingamentos de pessoas que nada significam para nós. Se, no
entanto, o agente da dor for alguém a quem amamos, ou confiamos, o mundo cai e
a dor se torna muito maior.
Os
filhos dos outros podem dizer o que quiserem que nosso filtro pessoal
relativiza as palavras, minimiza as ações e logo estamos dando de ombros. Os nossos
filhos nos incendeiam o peito de tristeza com qualquer comentário mais ácido,
ou num tom de voz menos carinhoso, porque são o supra-sumo do nosso encanto e
as últimas pessoas do mundo de quem esperamos qualquer coisa desagradável. Em
relação aos pais é a mesma coisa. Dores causadas pela família são sempre as que
doem mais, porque nos pegam sempre desarmados, de peito aberto, sem defesa.
Quando
nos exaltamos, quando elevamos o tom de voz e dizemos impropérios a quem quer
que seja, quase sempre nos arrependemos mais tarde, embora pouca coisa possa
ser feita em relação à palavra pronunciada. Se esse descontrole aconteceu
diante de uma pessoa da família, ou de um amigo querido, o resultado é ainda
mais devastador.
Dores
do corpo se curam, ou melhoram, com analgésicos.
Dores
do coração nem beijos e abraços aplacam, só mesmo o tempo a soprar de leve nas
feridas pode cicatrizá-las.
Por
tudo isso, devemos tentar ao máximo evitar magoar alguém que confia em nós. Não
nos devemos deixar influenciar por agentes ou pessoas maldosas, que colocam
fermento em ervas daninhas só para ver o circo pegar fogo, com doses cavalares
de ciúme daquela harmonia familiar e/ou amorosa.
A
dor é relativa, todavia, dói sempre mais em quem tem maior capacidade de amar e
confiar, sem sombra de dúvida!
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