terça-feira, 27 de março de 2012

A DOR É RELATIVA


Não me refiro à dor física, mas à dor moral, à dor de sentimento, à prima irmã da mágoa e da decepção. Quem nunca a sentiu?
Mesmo as dores do corpo diferem de pessoa para pessoa, dependendo da resistência e da sensibilidade de cada um. Nesse tipo de dor o agente externo não é o mais relevante, pois o mesmo processo pode ser mais ou menos doloroso para cada um. Basta que se observem os partos e a reação de cada mulher a eles.
Nas dores da alma o causador é que faz toda a diferença. Pouco nos importamos com traições, ofensas e xingamentos de pessoas que nada significam para nós. Se, no entanto, o agente da dor for alguém a quem amamos, ou confiamos, o mundo cai e a dor se torna muito maior.
Os filhos dos outros podem dizer o que quiserem que nosso filtro pessoal relativiza as palavras, minimiza as ações e logo estamos dando de ombros. Os nossos filhos nos incendeiam o peito de tristeza com qualquer comentário mais ácido, ou num tom de voz menos carinhoso, porque são o supra-sumo do nosso encanto e as últimas pessoas do mundo de quem esperamos qualquer coisa desagradável. Em relação aos pais é a mesma coisa. Dores causadas pela família são sempre as que doem mais, porque nos pegam sempre desarmados, de peito aberto, sem defesa.
Quando nos exaltamos, quando elevamos o tom de voz e dizemos impropérios a quem quer que seja, quase sempre nos arrependemos mais tarde, embora pouca coisa possa ser feita em relação à palavra pronunciada. Se esse descontrole aconteceu diante de uma pessoa da família, ou de um amigo querido, o resultado é ainda mais devastador.
Dores do corpo se curam, ou melhoram, com analgésicos.
Dores do coração nem beijos e abraços aplacam, só mesmo o tempo a soprar de leve nas feridas pode cicatrizá-las.
Por tudo isso, devemos tentar ao máximo evitar magoar alguém que confia em nós. Não nos devemos deixar influenciar por agentes ou pessoas maldosas, que colocam fermento em ervas daninhas só para ver o circo pegar fogo, com doses cavalares de ciúme daquela harmonia familiar e/ou amorosa.
A dor é relativa, todavia, dói sempre mais em quem tem maior capacidade de amar e confiar, sem sombra de dúvida!

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