Não é presunção, juro! Apenas minha natureza é avessa a ídolos. Nunca fui de ficar bajulando, babando ovo, aparecendo ao lado de pessoas consideradas importantes pelos meios de comunicação. Isso não quer dizer que eu não os admire, apenas que não vejo sentido em tirar uma foto ao lado deles, por exemplo, caso eu não esteja efetivamente envolvida no contexto.
Tenho enorme admiração por músicos, bailarinos, atores, escritores, artistas, quando são bons, quando emocionam, quando convencem. É mais fácil me ver chorar diante de um espetáculo bem realizado do que em ambientes cotidianos onde se costuma verter lágrimas.
Fico impressionada de ver gente de todos os níveis sociais e culturais se pendurando no braço de jogadores de futebol ou figurantes da televisão para se eternizarem numa foto com eles. Mesmo sabendo que, para os dito cujos, o tiete não significa nada e que nunca lembrarão do acontecido.
Não seria melhor comprar um pôster da pessoa, ou uma capa de revista onde a figura aparecesse bem nítida para olhar de vez em quando? Por isso eu penso que a tietagem é muito egocêntrica e que aquela pessoa que vai lá chatear o famoso para se fotografar com ele, na verdade, quer mesmo é SE VER na foto e não o tal ídolo que aparece junto.
Sempre fui super fã do Antônio Fagundes (que mulher não é?!); pois algum tempo atrás, num teatro em São Paulo, encontrei com ele na escadaria, assim bem pertinho, com toda a chance de "me aproveitar". Meu marido até me deu força: - Vai lá, fala com ele! Que nada! Travei. Fiquei só olhando e ele até me encorajando com um meio sorriso. Não consegui. Dali a pouco chegou uma van cheia de mulheres da terceira idade e caíram em cima dele de uma forma que não sobrou quase nada. Ainda bem que ele não estava ali para atuar e sim para prestigiar a amiga Tônia Carrero, sentou-se na platéia, duas filas diante de nós e eu, é claro, não vi quase nada da peça.
Mesmo assim, não veria muito sentido em tirar uma foto com ele, a não ser que ele lesse meu blog, me mandasse e-mails, ligasse de vez em quando, soubesse meu nome.
Bem, já assisti muitas novelas, filmes, minisséries, peças com Antônio Fagundes e ele pertence ao meu imaginário com bastante fundamentação. É mais do que tietagem.
O que me deixa indignada é ver uns fedelhos iniciando a dar chutes numa bola e a multidão perseguindo, fotografando, endeusando. Não conseguem ver que aqueles ídolos são pessoas comuns, que logo que errarem serão esquecidos e que, por isso, não merecem aparecer num álbum de família.
Admirar é uma coisa, reconhecer talentos, aplaudir, tudo isso é válido. O que me parece demais é invadir as pessoas, impor sua presença, atrapalhar sua vida para sacramentar uma tietagem exagerada e desagradável.
Não sei fazer isso.
Um comentário:
quase morri gritando nos shows do Chico Buarque que assisti ao vivo, tipo: Chico eu te amo! claro que em coro com uma platéia enlouquecida. mas se ficasse frente à frente, acho que ficaria do boca aberta, pedindo para alguém me beliscar. pedir foto nunca! não gosto de incomodar as pessoas, pra mim o Chico é intimo, mas ele nem sabe quem sou,rsrs
não tenho mais ídolos, hoje curto uma admiração por mim mesma, pois que ninguém (das pessoas que admiro) estava ao lado nos momentos em que tive que decidir minha vida. e mesmo com apoio da familia, sempre se decide sozinha depois de virar gente grande,rs
Beijos
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