Sou corajosa. Dia sim, dia não enfrento o horário da propaganda política partidária, mesmo tendo um bom pacote da TV a cabo e, portanto, muitas opções melhores de vivenciar aqueles intermináveis cinquenta minutos.
Acontece que, quanto mais assisto ao famigerado programa, mais desesperançada fico. É como escolher entre morrer de tiro, de fogo ou de faca. Dá um desânimo imaginar que uma daquelas caras e daqueles discursos assustadores irão decidir nossa vida por quatro anos.
Nunca fui filiada a nenhum partido político, todavia, simpatizava com aqueles mais ligados ao trabalho e ao pagamento justo, talvez por ser uma trabalhadora também. Não gosto de injustiças e acho que não deveria estar nos planos do Criador que alguns de seus filhos esbanjassem, curtissem só as coisas boas da vida enquanto outros amargassem meses para conseguir extrair um dente ou remover uma vesícula podre.
Sei que o mundo é injusto e que em todo lugar existem os afortunados e os miseráveis, só que perto de mim prefiro que essas coisas não aconteçam.
Votei no Lula todas as vezes em que ele foi candidato e não me arrependo. Sabia das limitações dele, envergonhei-me várias vezes, entretanto, aquilo que ele prometeu, cumpriu.
Agora, do olhar da Dilma não gosto. Nem me refiro ao seu passado ou às tantas coisas que lhe atribuem, principalmente na internet. Falo de olhar, de olhos, de janelas da alma. Os olhos dela não me passam a franqueza necessária, a limpidez imperiosa dos bem intencionados.
Pensei em votar na Marina, porque sua preocupação com o planeta é também a minha, no entanto, dá para imaginá-la sendo esmagada pelas raposas velhas do Congresso Nacional.
Serra tem o olhar que procuro, quase me decidi por ele quando recomeçou essa maracutaia de documentos sigilosos, essa lavação de roupa suja, essa troca de baixarias e acusações e balançou minha fraca decisão.
E os deputados então! Minha gente, como é que os partidos permitem que algumas criaturas dessas se candidatem a um cargo público pago com o nosso dinheiro?! Com raras e honrosas exceções, é inacreditável que esses senhores e senhoras se prestem a esse triste papel.
Pior de tudo é que, no dia 4 de outubro menos de 40% dos eleitores irão se lembrar do nome dos deputados em quem votaram! É muito triste ser governado por lideranças desse quilate.
Conheço tanta gente boa, idônea, competente que jamais se candidatou a cargo algum. Por que será? Deve ser pela mesma razão que as famílias das mulheres mais bonitas dificilmente permitem que elas concorram a algum cargo de beleza (novamente com lindas exceções) e elas mesmas não se interessam pela competição.
Pois algumas dessas tristes figuras do horário político já estão em seu segundo ou terceiro mandato. Quem os elegeu? Como temos empregados assalariados que desconhecemos?
Assim, confesso que ainda não consegui definir meu voto, o que é lamentável, muito embora os candidatos não se devam preocupar com isso, uma vez que sou reconhecidamente "pé frio" e dificilmente meus candidatos se elegem (ainda que sempre os considere os melhores).
Vou continuar "sofrendo" em dias alternados e tenho esperança de que os debates consigam me auxiliar na difícil escolha.
E você? Já está com seu voto pronto?
2 comentários:
Sinto exatamente igual. :(
Sinto tanto nojo quando vejo isto tudo que está acontecendo!
Fico com vergonha, que esta gente deveria ter, de fazer parte desta bandalheira, porque não adianta nada ignorar, estamos no mesmo barco, só que a gente sempre perde.
Perde em tudo, saúde, educação, qualidade de vida. Ainda bem que resta a dignidade, pena que não alimente nem cure doenças...
Argh!
Também tenho o mesmo sentimento quando começo a refletir sobre as eleições que se aproximam, semelhante a uma adolescente preste a um vestibular sem ter feito a escolha da sua profissão. A minha aflição também é porque nada me dá a certeza de que até lá eu já terei me decidido, e o pior, tenho que escolher entre os candidatos que estão postos, não há outras alternativas. Então, até lá. abraços.
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