Num
domingo frio de Inverno, circulando freneticamente pelas redes sociais ( o que mais
tenho feito nos últimos tempos), deparei-me com o silêncio do meu Blog, o
porta-voz da minha literatura e da minha essência.
Se
ele está calado é porque estou muda, por mais que escreva e vocifere. Palavras
que não saem dos recônditos da alma e não refletem quem eu sou. Apenas
palavras. Nada mais.
Tenho
travado batalhas difíceis, que ficam em luz baixa para dar luz a assuntos de
interesse coletivo. De todas as lutas, a visão é certamente a pior. Raios de um
sangue que jorrou e inundou a retina deixam minha visão poluída, com nuvens e
coágulos difíceis do olho assimilar. E eu vou desviando deles e encontrando as
letras e formando as palavras que preciso escrever para não sufocar e preciso
ler para me transportar ao mundo mágico da leitura,o que é vital para mim.
Minha
mãe fez 100 anos e conseguimos festejar. Com ela lúcida, curtindo as presenças,
gostando da festa. Não é pouca coisa. É muito. Apesar disso, dia a dia os anos
vão cobrando seu pedágio e eu vou acompanhando bem de pertinho a vela da vida
queimando e ficando pequenininha, bruxuleando ao vento dos dias, quase apagando
e depois cintilando vigorosa outra vez, ainda que num toquinho pequeno, com
muita cera queimada em volta.
Não
me reconheço mais nos espelhos, sou uma estranha para aquela imagem que eles me
devolvem. Às vezes pareço encontrar a minha avó neles, em outras minha irmã
mais velha, mas eu mesma só me encontro longe deles, aqui, no meio de todas
essas letras.
Sinto
uma saudade doída do filho distante, que procuro sublimar, deixar guardada no
cantinho das dores, pesando em tudo o que os ditos de autoajuda proclamam, como se bastasse para um coração de
mãe saber que o filho está feliz, está realizado,
está fazendo o que gosta, blá, blá, blá. Meu coração só entende a linguagem do
abraço, do beijo, da voz, da risada, da conversa, do olhar, da presença. O
resto são consolos, paliativos diante do que não se pode mudar.
Netos
prendem, cansam, bagunçam, gritam, exigem, todavia, são eles que conseguem
erguer os avós, dar-lhes vida, fazendo circular nas veias o sangue verde da
esperança, apagando o desencanto, deixando bonito o que os adultos enfearam. Netos
são preciosos. Crianças são preciosas, pena que poucos se deem conta disso e as
apressem para crescer, muitas vezes até queimando etapas, atribuindo responsabilidades
e antecipando uma fase adulta para a qual eles nem estão preparados ainda.
Quero
voltar a andar por aqui, quero publicar e republicar textos importantes, porque
já contribuí o quanto pude para conscientizar pessoas sobre nossa difícil realidade
política, no entanto, também e importante pensar a vida, refletir as relações,
analisar comportamentos, pensar sobre assuntos vitais para nós enquanto humanos,
enquanto homens e mulheres, enquanto pais, avós, amigos.
Espero
contar com meus fiéis leitores e, quem sabe, conquistar outros mais, para que
leiam algo que procura falar diretamente para sua parte mais importante, que é
a alma, o espírito, a parte vital e fluida que justifica nossa existência
terrena.
Um
bom dia a todos! Curtam sua família, seus amores, sua companhia, seus livros,
suas comidas prediletas, o frio que mata os insetos e adia as doenças do
mosquito, enfim, procurem formas e motivos para descansar e ser feliz neste dia
ensolarado e gelado de domingo no sul do Brasil.
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