O
curso de Magistério, quando bem feito, é muito importante para quem quer ser
professor. O de Pedagogia também. Porque não basta o professor saber o conteúdo
da disciplina que ensina, ele precisa saber transmitir seus conhecimentos aos alunos,
precisa saber avaliar corretamente e, sobretudo, precisa ter domínio de classe.
O
professor que não possui domínio de classe fala para as paredes, perde tempo acalmando
os mais barulhentos, apartando brigas, dando explicações desnecessárias,
repetindo mil vezes a mesma coisa. É como alguns pais que gritam o dia todo e
os filhos nem ouvem mais, de tanto repetirem ameaças que nunca são cumpridas.
Os professores
nunca foram tão pouco valorizados e nunca ganharam tão mal. De maneira geral,
nunca foram tão mal preparados também. Não sabem conter a disciplina, confundem
autoridade com autoritarismo, avaliam nas provas aquilo que nem souberam
ensinar, não se envolvem com a totalidade da vida escolar, restringindo-se ao tempo
em que está ministrando aula. E o resultado é uma educação cada vez pior, menos
abrangente, menos eficaz.
Se a
criança passa o recreio sozinha porque que os coleguinhas não querem brincar
com ela, ou com ele, é assunto para o professor mediar e resolver sim! Principalmente
nas séries iniciais, o professor é responsável (ou deveria ser) por todas as experiências
da criança na escola. Não será apenas um fiscalizador de recreios que deverá
mediar, mas o professor que conhece as crianças e pode modificar o comportamento
delas.
Se
os alunos na fase difícil da pré-adolescência formam grupinhos, se ofendem, se
agridem é assunto para todos os professores interferirem e procurarem resolver,
porque eles não estão ali apenas para despejar conteúdo e os estudantes para
encher cadernos e apostilas. Uma vida integral se passa dentro dos muros da
escola e há que existir professores capacitados para atender a demanda da
idade, além do conteúdo da sua disciplina.
Ontem,
minha neta voltou chorando de uma Gincana na escola. Uma escola renomada,
particular. Disse que as outras turmas cantavam versinhos com palavrões
ofendendo as turmas rivais e que os próprios colegas se ofendiam nos jogos, menosprezavam
quem errava nos esportes, enfim, um ambiente que de festivo se tornou hostil. E
cadê os professores responsáveis? Os mediadores? Os orientadores?
A
outra pequena, que recém saiu da Educação Infantil, contou-me que fica sozinha
no recreio porque ninguém quer brincar com ela e ela não sabe brincar sozinha.
Valha-me Deus! Como podem deixar isso acontecer?!
Sabemos
que as famílias estão deixando muito a desejar na educação dos filhos. Mais uma
razão para os professores se esmerarem em suprir essa falta! Ah, não quer fazer
mais do que a obrigação? Mude de profissão então! Educação é integral ou não é!
Ninguém é obrigado a ser professor, no entanto, quem se sente realmente
vocacionado para o magistério deve saber que esta é uma missão importantíssima
e que não é para qualquer um.
Em
Hiroshima e em outras cidades do Japão, assisti muitas turmas passeando,
visitando museus, castelos e parques e fiquei admirada do comportamento deles.
Um só professor, os homens de terno e as professoras de roupas bem comportadas,
meias finas, sapatos fechados e turmas imensas uniformizadas e silenciosas,
atentas a qualquer palavra do professor,
entrando em trens, metrôs, sem causar o mínimo transtorno. Num parque de
Hiroshima uma professora de meia idade, pequenininha, comandava uns duzentos adolescentes.
A uma palavra dela todos sentaram na grama e ficaram ouvindo as explicações
atentamente, até que ela os mandou levantar com um pequeno gesto de mão e eles já
formaram a fila para entrarem no museu. Nem uma palavra lá dentro, fazendo anotações,
murmurando dúvidas, realmente uma coisa de outro mundo para nós.
São
essas atitudes que o brasileiro deveria procurar imitar, já que adora copiar
coisas erradas de outros países.
Gostaria
que este texto chegasse aos educadores e que eles refletissem sobre a sua
atuação e sobre a profissão que escolheram.
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