Sei que hoje novas letras foram
incorporadas a esta sigla, mas foi assim que ficou tatuado na minha memória,
nos distintivos da gravata, nos tambores da Banda Marcial, nos gritos da
torcida nos Jogos da Primavera e nos nossos livros e cadernos.
Tínhamos o maior orgulho de estudar no
Instituto de Educação Oswaldo Aranha!
Precisávamos, inclusive, prestar exames de um grau para o outro a fim de
conquistarmos o direito de estudar na melhor escola pública da cidade, quiçá da região. E não eram nada fáceis aqueles
exames de admissão!
O colégio era, sem sombra de dúvida,
um prolongamento da nossa casa. Era lá, entre aqueles muros baixos, que tudo
acontecia, onde virávamos cidadãos, onde desabrochávamos para a vida, onde
estavam todos os nossos amigos, flertes e namorados.
Comecei a frequentar o IEOA antes do tempo, pois minha mãe
trabalhava lá e eu fui para o Jardim de Infância com quatro anos, na época em
que só se ia aos cinco.
Independente, preferia ir para a
escola com o Seu Macário, nosso
transporte escolar a pé. Era um negro velho, bonachão, que recolhia as crianças
em casa, levava e trazia da escola, às vezes até no colo, quando nos
queixávamos de cansaço.
O IEOA
era assim como um útero fértil, abrigando gerações inteiras, protegendo-as,
preparando-as, habilitando verdadeiramente.
No início de cada turno recebia uma
enormidade de azul-marinho e branco e se fechava com eles até o término do
período, quando aquelas andorinhas debandavam super povoando a avenida e cedendo
espaço a outro grande bando que logo chegaria e adentraria a grande barriga,
para germinar seu futuro e se desenvolver em sentido amplo.
Entrei no IEOA menininha, saudando o Secretário de Educação em nome do Jardim
de Infância, declamei muito, cantei oito anos no Orfeão Carlos Barone, dancei, fiz
ginástica rítmica, joguei vôlei, representei, fiz política estudantil, fui
líder, rainha de turma, venci alguns concursos de redação, tirei muita nota dez
e algumas das quais não me orgulho, fiz amizades para toda a vida, admirei
todos os professores, com destaque para a direção do professor Carlos Romeu
Grande e suas exigências de uniforme. Sou, enfim, um produto do Oswaldo Aranha,
pois foi lá que construí os alicerces do que sou até hoje.
Saí de lá, chorando, formada
professora e voltei no ano seguinte já para trabalhar. Só deixei minha escola
porque fomos transferidos para Santa Catarina e até hoje poucos símbolos mexem
tanto comigo como a escada de mármore e o salão nobre do Oswaldo Aranha.
Parabéns
IEOA!
Assim, deixando marcas tão profundas e
generosas em tanta gente, vale a pena fazer noventa anos!
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