terça-feira, 17 de maio de 2022

NOVOS TEMPOS

 

Já fui chamada de saudosista e, de certa forma, não deixo de ser. Tive uma infância livre, numa casa enorme, com um quintal maior ainda e muitos amigos na mesma rua. No meu primeiro romance – “Debaixo dos laranjais” – há um bom relato desse tempo e dos anos dourados da minha adolescência. Não é um livro autobiográfico, mas a trajetória de toda uma geração na nossa terrinha (à venda na Martini Papelaria).

Neste ano completo 70 anos e teria, portanto, justificativa para apenas criticar tudo o que há hoje em dia e viver repetindo que “no meu tempo era melhor”.

Acontece que tenho netos adolescentes e gosto muito de conversar com eles. Eles confiam em mim, desabafam, falam sobre suas dúvidas e se queixam, às vezes, da incompreensão dos mais velhos.

Muita coisa mudou no mundo e nem sempre para melhor. Hoje as crianças têm menos liberdade e os jovens precisam se cercar de cuidados até para andar na rua, ou frequentar as suas festinhas. Comem mal, se entopem de fast foods e refrigerantes, gastam os olhos nas telas, leem pouco, dormem pouco (ou demais) e seguem influenciadores digitais com valores, no mínimo, questionáveis.

Por outro lado, possuem uma consciência sólida da necessidade de conservação do planeta, são absolutamente contrários a todo tipo de preconceitos, são bem mais tolerantes com as diferenças e as formas de pensar alheias e, por isso mesmo, vivem cheios de dúvidas e questionamentos.

Hoje, muitos jovens fazem terapia, tomam remédios, por conta da segregação compulsória da pandemia e pelos atritos familiares subsequentes.

Talvez por ter seis netos, ou por ter lecionado adolescentes por muitos anos, eu sou fã dessa gente de pele lisinha, olhos curiosos e abraços perfumados. Entendo suas dúvidas, gosto de ouvi-los e procuro ajudar sem impor, apenas ajudando a corrigir o rumo desse barco veloz que eles pilotam.

Hoje minha neta Bruna está completando 14 anos! Minha Piccolina, que ajudei a criar, uma neta/filha que continua adorando ficar na minha casa, com meus paparicos de avó e nossas longas conversas.

Gosto de vê-la defendendo suas ideias, argumentando, explicando seus pontos de vista. Nesses momentos, eu a vejo numa tribuna e acho que ela seria ótima nisso. Só que sua inclinação maior é para as artes e é por aí que ela pretende seguir. Bruna bailarina, Bruna teatral, hoje é ela quem me auxilia com os entraves desse mundo virtual e também corrige a minha maquilagem.

Seria bom se os mais velhos se esforçassem um pouco mais para compreender os jovens, ao invés de só criticá-los.

Sei que não está fácil educar filhos hoje em dia, com o mundo entrando no quarto deles com tudo de bom e também de ruim que existe.

Mas perseverem! Amem seus filhos e procurem compreendê-los. É claro que “no nosso tempo não era assim”, porque os pais nem dialogavam muito, apenas davam ordens a serem cumpridas. Mas hoje isso não tem mais espaço, o horizonte da meninada se expandiu e eles não aceitam mais imposições que não sejam justificadas.

Para tudo existe aquela solução infalível – o AMOR.

Parabéns Bruna querida! Felicidades sempre!


 

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