Pirueta era
uma linda conchinha cor de rosa que vivia numa praia cheia de peixes,
conchinhas e estrelas do mar.
Sua mãe
tinha sido uma grande bailarina e ela também adorava dançar!
Como
conseguia respirar dentro e fora da água, Pirueta dançava na areia e também em
cima das ondas.
Só tinha um
probleminha que a entristecia... ela nascera com três perninhas, ao invés de
duas e, por essa razão, não encontrava sapatilhas de balé para todos os seus
pezinhos.
Quando
queria dançar bem na pontinha dos pés precisava ficar trocando a sapatilha de
um pé para o outro, uma vez que só encontrava sapatilhas aos pares, de duas em
duas.
Seus amigos
a consolavam dizendo que o importante era ela saber dançar, mas a conchinha ficava
triste ao ver um de seus pezinhos de fora.
Mamãe
concha recomendava que Pirueta nunca mergulhasse muito fundo, pois lá vivam os
tubarões, os grandes peixes e os polvos assustadores.
Num belo
dia, quando a conchinha dançava e brincava com seus melhores amigos: o peixinho
Lineo e a estrela do mar Lalinha, Pirueta foi mergulhando, mergulhando para brincar
de esconde-esconde, até que se perdeu.
Nadou entre
os corais, perguntou para vários peixinhos e nada de encontrar seus amigos, ou
o caminho de volta para sua casa.
Começou a
ficar com medo e a lembrar de tudo o que mamãe concha dizia existir no fundo do
mar. Para não se afastar ainda mais, sentou-se numa pedra e ficou ali quietinha,
rezando para alguém aparecer e ajudá-la.
De repente,
a água do mar se agitou e formou um
redemoinho bem na sua frente. Pirueta se encolheu de pavor, pois não sabia o
que ia acontecer.
Então,
daquelas ondas enormes saiu uma linda fada em forma de sereia, com longos
cabelos vermelhos e uma varinha de condão igualzinha a uma estrela.
A fada
aproximou-se da conchinha e falou:
- Pirueta,
você vai voltar para a praia agora mesmo e não vai mais desobedecer a sua
mamãe! Quando chegar lá, terá uma surpresa lhe esperando. Vá! É por ali! Não demore!
As águas se
afastaram e formaram um túnel para a conchinha passar. Rapidinho ela chegou à
praia e pôde abraçar sua mãe e seus amigos.
Em cima de
uma grande pedra surgiu um pacotinho brilhante, com seu nome escrito em letras
douradas: PIRUETA.
A conchinha
correu para abri-lo e encontrou três lindas sapatilhas cor-de-rosa,
iguaizinhas, do tamanho dos seus pés. Ficou muito feliz! Colocou logo as
sapatilhas e saiu a dançar.
Seus amigos
formaram uma orquestra para acompanhá-la.
O tubarão
martelo tocava bateria, o lobo marinho marcava o compasso com o pé, a estrela
do mar tocava piano, o peixinho Lineo era bom na flauta, mamãe concha tocava
violino e as conchinhas todas cantavam.
Pirueta
rodopiava com suas três sapatilhas, dentro e fora da água, sentindo o sabor do
sal e do vento. Estava muito feliz!
Refletida
na água, junto à luz dourada do sol, apareceu uma cabeleira vermelha acenando
para ela e aplaudindo sua alegria e sua dança.
A conchinha
então fez um arabesque caprichado, dobrou os joelhos, num agradecimento gracioso
para a sua fada madrinha e voltou a dançar!
Conto de Bruna Alonso Boff (minha neta de 5 anos) que conquistou o 1º lugar num concurso nacional de uma editora carioca.
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