segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

TANTO RISO, OH QUANTA ALEGRIA!



                Pré-jurássica que sou, pertenço ao grupo de pessoas (quase em extinção) que pulavam, brincavam o Carnaval durante quatro noites, usando uma fantasia para cada noite, destruindo os pés, bebendo um pouquinho a mais, namorando MUITO e tendo assunto com as amigas para vários meses. Éramos, enfim, participantes das festas de Momo e não meros espectadores.
              Hoje, como a maioria das pessoas, assisto ao Carnaval pela televisão. Isso até o sono chegar. É bonito, é colorido, ainda mais nesses novos aparelhos de TV em HD, mas não deixa de ser patético, ainda mais quando assistimos de pijama, bebericando uma água, um chá ou uma latinha de cerveja, de mau jeito no sofá, completamente desconectados da festa que passa diante de nossos olhos sonolentos.
             Com a violência das ruas, com a bandidagem à solta, com os pitboys loucos para esmurrar alguém, quem se atreve a sair para ver blocos ou escolas de samba "ao vivo"? Poucos.
             Sempre estranhei o fato de meus filhos não gostarem de Carnaval, visto que eu fui uma carnavalesca "de carteirinha" e sempre os levei aos bailes infantis do Casino, em Alegrete. Já naquela época eles preferiam catar serpentinas e confetes do chão, se molhar com as bisnagas de água do que pular, brincar no salão, andando em círculos como cachorro atrás do rabo. Hoje dou graças a Deus que eles prefiram surfar a se expor aos perigos da Folia, às tentações, às balas perdidas, às arruaças, às vinganças dos cornos de plantão, que expõem a mulher seminua como um troféu e depois ficam provocando cada incauto que ouse admirá-la.
               Carnaval é também sinônimo de arrependimento. Duvido que, ao final, o folião não tenha um rol de coisas que disse ou fez para arrepender-se. Até porque aquele frenesi não combina com medida, com cautela, com responsabilidade; o convite é mesmo para extravasar, extrapolar, viver como se fosse o dia do Juízo Final. Pena que, para os que sobreviverem, restarão vários juízos, de diferentes lados, para acusá-lo.
             Penso que Carnaval não tem idade, tem jovem que não gosta, tem velho que adora. Dessa forma, não terá sido meu ingresso nas "cinquentinhas" que me afastou dos salões e, sim, a decepção com eles, a invasão das drogas, as arruaças, as inconsequências e os inevitáveis arrependimentos.
               Hoje prefiro mergulhar na espuma branquinha do mar dos Ingleses, assistir aos desfiles só até cansar e, é claro, respeitar quem gosta, quem curte, quem se esbalda, quem se joga nesta festa que vem desde a Grécia antiga, com as festas de Baco - o deus do vinho - por ocasião da colheita da uva.
                 Bom Carnaval a todos, que cada um curta da maneira que melhor lhe aprouver!



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