Tem
uma música do Cocoricó que diz assim "chuva,
chuvisco, chuvarada, por que é que chove tanto assim?".
Eu gosto da chuva. Só não gosto para tudo, gosto para algumas coisas. E detesto
para outras. Vou começar por essas: chuva na praia programada há tempos, chuva
na festa onde usaremos aquele vestido e sapatos carésimos, chuva na hora
de pegar crianças na escola (e aquele engarrafamento na frente do portão),
chuva para fechar a sombrinha e entrar no carro, chuva logo após aquela
"chapinha" divina no cabeleireiro, chuva para viajar de carro, chuva
que pára de repente, abre o maior sol e nos deixa com cara de bobos, cheios de
capas e guarda-chuvas.
Agora, chuva é bom para (me deixa copiar novamente do Cocoricó) “menino vem cá, vem comer bolo de
cenoura, com cobertura de chocolate quente... chove, chove, chove, deixa
chover, enquanto tiver bolo de cenoura a gente nem vai perceber." Gosto
de ver a chuva da janela, sem me molhar. Lembro como era gostoso embaçar os
vidros do carro beijando o namorado. É bom para ler, ouvir música, assistir
filmes na TV, escrever, tocar piano ou, simplesmente, ficar quietinha
debaixo do edredom, só escutando o barulhinho. Isso quando é uma chuva
"normal", mansa, com hora para acabar e não aquelas tempestades de
ventos, raios e trovões, alagando tudo, assustando todo mundo. É bom também
porque a obra ao lado para e nossos ouvidos descansam um pouco.
Pensei que este texto seria mais filosófico, mais interior, mais reflexivo.
Daqueles que a chuva às vezes suscita. Mas não foi. Ainda bem. Nem sempre
gostamos de ficar com o nervo
exposto e nem sempre as pessoas estão a fim de se comoverem com as
dores alheias.
Meus bolinhos de chuva são famosos; meu pai, nos primeiros pingos de chuva, já
me sugeria que os fizesse enquanto construía barquinhos de papel para os netos
colocarem na água que corria nas sarjetas. Hoje, os netos são os responsáveis
por polvilhar o açúcar com canela. Tradições criadas e transmitidas nos dias de
chuva.
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