Ouvi
uma psicanalista dizer que esse papo de que as mães querem os filhos igualmente
e que criam todos iguais, etecetera e tal é pura balela.
O
amor até deve ser igual em quantidade, mas certamente se expressa de forma
diversa para cada filho, porque eles
são
diferentes e requerem tratamento diferente, condizente com seu modo de ser,
pensar e agir.
Faz muito sentido isso! Quem tem mais de um filho sabe que um é mais chegado a
carinhos, beijos, abraços, enquanto outro prefere bater papo, ou outro tipo de
aproximação com menos contato físico.
Não
se pode exigir a mesma reação do tímido e do extrovertido, portanto, a mãe deve
saber como tratar cada um e o que esperar dele.
Quem
sabe aí não reside um dos focos da propagada rivalidade entre irmãos, sempre um
achando que a mãe gosta mais do outro, aquelas coisas de sempre.
Quando
a mãe erra a abordagem, certamente será mal interpretada e parecerá injusta.
Até porque o papel da mãe está muito cristalizado numa coisa assim quase
messiânica, além do bem e do mal, num amor incondicional e perfeito.
Antes
de sermos mães somos mulheres e até darmos vida a um bebezinho podemos errar à
vontade, pois somos apenas jovens, como outro qualquer. Bastou o rebento dar o
primeiro chorinho e somos alçadas à categoria inatingível de
"mãe", cujos sinônimos mais usados são de "santa, mártir, sábia
e por aí afora". Por quê? Não somos as mesmas, apenas mais cansadas,
sonolentas e fora de forma?
Penso
que as mães são cobradas demais, exatamente por fazerem questão de serem
colocadas um degrau acima do resto dos mortais.
No
momento em que nos reconhecermos como seres humanos normais, iguais a todos os
outros e, portanto, passíveis dos mesmos erros, a carga da maternidade será
mais prazerosa, mais reconfortante e mais leve.
Uma mãe para cada filho, aproveitando as peculiaridades de cada um, curtindo as
diferenças, deixando de lado a balança ridícula de pesar amor, sem preocupação
de igualdade, porque ninguém no mundo é igual, vivendo a maternidade com
alegria, curtindo o companheirismo dos filhos, deixando-os desabrochar, bater
asas, voar. Assim deveria ser.
Hoje
em dia poucos casais têm esta preocupação, pois a maioria das famílias optou
pelo filho único. Todavia, não deve ser fácil educar um único soberano,
sem nenhum irmãozinho pra lhe puxar a toalha e disputar o colo e o carinho dos
pais. Com a capacidade amorosa de algumas mães e pais, o risco é sufocar o
herdeiro. E como será a vida adulta sem irmãos? Sem ter com quem revezar no
cuidado da velhice dos pais?
Não sei. Sobre filhos únicos realmente não me atrevo a opinar. Preciso
observá-los melhor.
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