terça-feira, 2 de dezembro de 2014

MUNDOS PARALELOS – parte 2




                  “Não há um só caso em que parcela ampla da população de um país tenha ascendido a níveis altos de renda sem elevar o nível da educação."
OTAVIANO CANUTO
ex-Vice presidente do Banco Mundial

                          Para confirmar o tema, basta assistir os telejornais, ler jornais e revistas, olhar ao redor.
                          Enquanto as favelas vivem em pé de guerra, com ruelas imundas e esgoto a céu aberto, com menores de idade armados dando tiros a esmo, com pobre roubando pobre para comprar droga...
                          Do outro lado das cidades se enfileiram as lanchas, os carrões, os “bem nascidos” gastando a rodo, ostentando, humilhando, desafiando leis e autoridades, comprando tudo com dinheiro, inclusive as mulheres mais lindas, que passam a vida nas butiques e centros de estética, tentando pescar um marido milionário.
                         No centro, os que procuram conquistar seus sonhos à custa de estudo e trabalho, que se decepcionam com a corrupção e a roubalheira, que desacreditam em seus representantes, que não têm segurança em lugar algum, que vivem sendo assaltados e temem pelo futuro de seus poucos filhos.
                         Para os pobres marginalizados o remédio urgente seria o controle da natalidade, a fim de que parassem de jogar crianças no mundo sem a menor responsabilidade sobre elas, gerando bandidos, ávidos por obter a qualquer preço o que seus pais nunca lhe deram. Isso passa, obrigatoriamente, pela educação, pelo sentido da vida e das reais possibilidades de gerar filhos, pelo controle da natalidade e das doenças sexualmente transmissíveis, pelo afastamento das drogas.
                        Para os riquinhos sem limites, dilapidadores da fortuna que não ajudaram a amealhar, o remédio também é educação, valores, bons exemplos, solidariedade, honestidade, lisura.
                        Esses seres humanos coabitam num mesmo tempo, em mundos que nunca se tocam e que, para se tocarem, precisam esmagar os do meio, os incautos, os sem proteção, os sem impunidade.
                        Continuo com minha ideia de que a estratificação social não deva ser representada por uma pirâmide, mas por círculos, que giram ao redor da órbita sem jamais se misturarem.
                        São seres humanos, nasceram e certamente morrerão. Tem sangue correndo nas veias e um coração batendo, mas as semelhanças param por aí. A não ser pelo fato de que nem uns, nem outros costumam abrir um só livro para ler, o que lhes faz imensa falta!
                       Felizes os que se isolam e se protegem nas artes, na música, na literatura, na dança, na pintura. Felizes os pesquisadores, os aventureiros, os que perseguem seus sonhos e não se desviam da        rota.
                        Pobres dos conscientes, dos trabalhadores, dos esforçados, dos que se informam, do que meneiam a cabeça todos os dias diante das manchetes dos jornais e dos que pedem proteção divina para si e para os seus cada vez que levantam da cama bem cedo, em todas as manhãs.
                       Educação. Palavra chave, tão desgastada e tão pouco utilizada em plenitude.
                       Educação nos morros e favelas, educação nos bares finos e festas milionárias, educação no trânsito, nas calçadas, nas filas, nos prédios de apartamentos, nas praias, nas estradas, nas escolas principalmente.
                       É a única solução.






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