Segundo o Apocalipse, o mundo acabará quando a humanidade
chegar a um ponto em que nada mais tenha sentido ou conserto e os homens “não
se arrependerem das obras de suas mãos e adorarem os demônios e os ídolos de ouro,
de prata e de cobre, e de pedra e de pau, que não podem ver, nem ouvir, nem
andar; e não fizerem penitência dos seus homicídios, nem das suas impurezas,
nem dos seus furtos.(...) Estas palavras são muito fiéis e verdadeiras. Bem aventurado
aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.(...) Certamente que
venho logo. Amém.”
Eu não gostaria que o mundo acabasse, ou a vida no planeta Terra,
porque sempre haverá alguém da nossa descendência querendo e merecendo viver. Vejo
meus netos crianças e, se pudesse, faria o mundo e a vida ainda mais bonito e
bom para eles. Eliminaria toda maldade da face da terra e encheria os caminhos
de flores e bichinhos dóceis para eles passarem.
Infelizmente, pouco depende de mim, quase nada na verdade. Procuro
fazer a minha parte, educando os jovens, cutucando os adultos, tentando
despertar consciências, promovendo reflexões constantes sobre a vida e as atitudes
das pessoas. Mas é pouco, eu sei.
Por muitas pessoas fui e sou tachada de “careta”, uma vez
que nem tudo aceito com facilidade, com normalidade, por acreditar que a vida
em sociedade exige um certo código de ética e de postura. Tive um pai
maravilhoso, responsável, protetor, mas exigente e com valores bem definidos.
Casei duas vezes com homens de formação moral semelhante, que encaram a vida de
forma parecida, portanto, não fui levada a me modificar em nada. Assim criei e
eduquei meus filhos, ensinando-os a respeitar e a se fazer respeitar; a filtrar
o que é bom e ruim naquilo que a vida e os outros lhes ofertam; a buscar seus
sonhos sem precisar esmagar o sonho de ninguém e a conquistar suas coisas com
esforço próprio.
Fui obrigada a aceitar muitas mudanças nas pessoas e nos
comportamentos, esforçando-me para não criticar, para tentar entender, para encarar
com naturalidade. Muitas coisas não foram fáceis. Há quinze anos assisti ao
beijo de duas meninas num shopping da capital gaúcha e fiquei paralisada. Acho
que foi o primeiro sinal do apocalipse para mim. Depois disso, ah meu Deus,
depois disso já tive que engolir muita “modernidade”, coisas que nem
precisariam ser mostradas, uma vez que a privacidade deveria ser condição
essencial para todos os relacionamentos amorosos.
Não faz muito tempo
que me assombrei com o fato das pessoas comprarem água para beber. Sempre tive
filtros e a água me parecia uma fonte inesgotável, uma vez que gastava todo o
lápis de cor azul pintando os rios, lagos e mares brasileiros nos mapas da
escola.
Tanto plástico boiando, tantas garrafas pet recicladas, nada
disso existia num tempo de embalagens de vidro e leite de leiteiro na porta de
casa.
Já não me surpreendo com quase nada, no entanto, a seca em
São Paulo, o fim da água na capital mais populosa do país me assombrou. Então a
água vai acabar mesmo no mundo! Ao mesmo tempo em que vivem mandando a gente
beber litros de água por dia, até sem sede. Que contrassenso!
Pois quando falaram em “reuso” da água do esgoto para
aproveitamento, aí sim... meu apocalipse chegou!
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