O mundo é de todos... só não dá pra misturar!
Esta foi a conclusão a que cheguei num domingo como os
outros, quando saímos um pouco da rotina, ou seguimos outra rotina
preestabelecida, que é a de procurar fazer coisas diferentes.
Lendo jornais e revistas, assistindo outros programas na TV,
com mais tempo de reflexão, não há como acreditar num mundo globalizado, numa
humanidade homogênea. Nem estou me referindo às pessoas de países, continentes
diferentes; falo de gente que mora ao lado, que pertence às vezes à mesma rede
social, ou que é carta marcada nas revistas de celebridades.
Falando em revistas, certas publicações são até divertidas
até a página dez, quando muito, depois, não há como digerir tanta futilidade!
Sei que muita gente não pensa assim, até porque essas tais
revistas – carésimas! – vendem muito mais do que qualquer livro! E, se vendem,
é porque tem quem compre, obviamente.
Domingo é dia em que os alto falantes dos estádios de
futebol se conectam no firmamento e só se ouve a voz dos locutores, acompanhada
da euforia de uns e da frustração de outros. Quem não gosta de futebol deve ser
eliminado dos domingos!
A moda é, por um lado, vandalizar, destruir o patrimônio
público e privado, enfrentar a polícia, quebrar tudo. De outro lado, proteger os animais, todos
eles, de uma forma de causar inveja às crianças de rua, aos excluídos e
ignorados por essas patricinhas de grife, que posam segurando seu pet e
conclamando as socialites para
adoção, mas que não se dignam sequer a olhar para um rostinho sujo mendigando
nas esquinas.
A bem da verdade, os assuntos em pauta são efêmeros, ganham
notoriedade num dia e na semana seguinte são substituídos por outros. Retrato
da fragilidade dos valores humanos atuais.
O politicamente correto é cada um viver do jeito que quer,
cuidar da sua vida, portar as bandeiras em que acredita, fazer tudo, ou não
fazer nada, enfim, um individualismo exacerbado que jamais poderá caracterizar
uma sociedade como tal.
Ainda bem que uns escrevem, outros fazem música, mais outros
fazem arte, rezam, resistem aos furacões destrutivos e salvam, com sua determinação,
uma parcela da humanidade da coisificação, dos modismos, das cascas, das
aparências, do nada. Pelo menos há esperança para aqueles que valorizam um
livro, mais barato que um batom, e se deixam abstrair por ele ao invés de colocar
sua vida num barco à deriva, ao sabor das correntes que vão e vem, como pêndulo
enlouquecido, sem saber onde irão desembocar.
Tem lugar para todos no mundo, da bailarina ao vendedor de
bilhetes, do maestro ao palhaço, do sacristão à meretriz, do abstêmio ao
cachaceiro, dos deficientes aos superdotados, dos idealistas aos depredadores,
dos honestos aos corruptos, dos santos aos pecadores. Cabem todos nesse mundão
de Deus, desde que não se misturem, que cada macaco continue no seu galho e que
ninguém tente converter ninguém, respeitando as diferenças e virando as costas
para quem não compartilha dos mesmos ideais, ou da falta deles.
Não era assim, não devia ser assim, mas é assim que é.
5 comentários:
E como deveria ser? Estou aqui refletindo e veio a dúvida. Concordo com algumas coisas que você disse, com outras discordo, mas do texto em si, gostei bastante, aliás, agora que voltei a blogar estou sempre por aqui. Beijos e uma boa segunda.
Bela crônica.
Que bom receber a visita de vocês! Concordar ou não já é outro departamento, o importante é suscitar uma reflexão maior. Voltem sempre!
Oi Maria Luíza, entrei aqui pra te agradecer, li sua reportagem com a sua netinha Bruna e lá vc diz uma frase que me ajudou a entender um sentimento que há mto tempo me incomodava e agora já não incomoda mais. Parabéns e continue nessa sua brilhante tarefa de educar a Bruna e escrever seus belos livros. Um abraço.
Que bom Quele que pude ajudar! Volte sempre! e pergunte o que desejar. Abração.
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