segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O MUNDO É DE TODOS




             O mundo é de todos... só não dá pra misturar!
             Esta foi a conclusão a que cheguei num domingo como os outros, quando saímos um pouco da rotina, ou seguimos outra rotina preestabelecida, que é a de procurar fazer coisas diferentes.
             Lendo jornais e revistas, assistindo outros programas na TV, com mais tempo de reflexão, não há como acreditar num mundo globalizado, numa humanidade homogênea. Nem estou me referindo às pessoas de países, continentes diferentes; falo de gente que mora ao lado, que pertence às vezes à mesma rede social, ou que é carta marcada nas revistas de celebridades.
             Falando em revistas, certas publicações são até divertidas até a página dez, quando muito, depois, não há como digerir tanta futilidade!
             Sei que muita gente não pensa assim, até porque essas tais revistas – carésimas! – vendem muito mais do que qualquer livro! E, se vendem, é porque tem quem compre, obviamente.
             Domingo é dia em que os alto falantes dos estádios de futebol se conectam no firmamento e só se ouve a voz dos locutores, acompanhada da euforia de uns e da frustração de outros. Quem não gosta de futebol deve ser eliminado dos domingos!
            A moda é, por um lado, vandalizar, destruir o patrimônio público e privado, enfrentar a polícia, quebrar tudo.  De outro lado, proteger os animais, todos eles, de uma forma de causar inveja às crianças de rua, aos excluídos e ignorados por essas patricinhas de grife, que posam segurando seu pet e conclamando as socialites para adoção, mas que não se dignam sequer a olhar para um rostinho sujo mendigando nas esquinas.
            A bem da verdade, os assuntos em pauta são efêmeros, ganham notoriedade num dia e na semana seguinte são substituídos por outros. Retrato da fragilidade dos valores humanos atuais.
            O politicamente correto é cada um viver do jeito que quer, cuidar da sua vida, portar as bandeiras em que acredita, fazer tudo, ou não fazer nada, enfim, um individualismo exacerbado que jamais poderá caracterizar uma sociedade como tal.
             Ainda bem que uns escrevem, outros fazem música, mais outros fazem arte, rezam, resistem aos furacões destrutivos e salvam, com sua determinação, uma parcela da humanidade da coisificação, dos modismos, das cascas, das aparências, do nada. Pelo menos há esperança para aqueles que valorizam um livro, mais barato que um batom, e se deixam abstrair por ele ao invés de colocar sua vida num barco à deriva, ao sabor das correntes que vão e vem, como pêndulo enlouquecido, sem saber onde irão desembocar.
             Tem lugar para todos no mundo, da bailarina ao vendedor de bilhetes, do maestro ao palhaço, do sacristão à meretriz, do abstêmio ao cachaceiro, dos deficientes aos superdotados, dos idealistas aos depredadores, dos honestos aos corruptos, dos santos aos pecadores. Cabem todos nesse mundão de Deus, desde que não se misturem, que cada macaco continue no seu galho e que ninguém tente converter ninguém, respeitando as diferenças e virando as costas para quem não compartilha dos mesmos ideais, ou da falta deles.
             Não era assim, não devia ser assim, mas é assim que é.






5 comentários:

Marli Soares Borges disse...

E como deveria ser? Estou aqui refletindo e veio a dúvida. Concordo com algumas coisas que você disse, com outras discordo, mas do texto em si, gostei bastante, aliás, agora que voltei a blogar estou sempre por aqui. Beijos e uma boa segunda.

Isabel Furini disse...

Bela crônica.

Maria Luiza Vargas Ramos disse...

Que bom receber a visita de vocês! Concordar ou não já é outro departamento, o importante é suscitar uma reflexão maior. Voltem sempre!

Quele disse...

Oi Maria Luíza, entrei aqui pra te agradecer, li sua reportagem com a sua netinha Bruna e lá vc diz uma frase que me ajudou a entender um sentimento que há mto tempo me incomodava e agora já não incomoda mais. Parabéns e continue nessa sua brilhante tarefa de educar a Bruna e escrever seus belos livros. Um abraço.

Maria Luiza Vargas Ramos disse...

Que bom Quele que pude ajudar! Volte sempre! e pergunte o que desejar. Abração.