Não creio numa vida “mar de rosas”,
tampouco acho que se possa apreciar um marasmo constante, ainda que bom. Há que
se temperar a existência, apimentar os relacionamentos, com o cuidado inerente
aos temperos, sem deixar que se tornem dominantes e sufoquem a essência do que
somos e do que vivemos. Assim como a pimenta de cheiro, que tempera, dá sabor,
sem arder, ou machucar a boca.
O
bom da vida é viver, todavia, sem pensá-la, perdemos grande parte do sentido de
cada acontecimento. Por isso, não basta ver, apreciar, tomar conhecimento, urge
uma reflexão, um medir e pesar, um temperar.
Não
tem muito sentido passar por essa jornada terrena sem usufruir aquilo que nos é
de direito e conquistar o que não se recebe de graça. Para isso nos preparamos
desde tenra idade, para saber escolher, optar, cair e levantar, mudar o curso
tantas vezes quantas seja necessário, aprender até com a morte e apimentar os
momentos mais importantes, usando o tempero certo para que intensifique o
sabor, sem sufocar.
O
que seria do beijo sem língua, do lápis sem papel, da manteiga sem pão, da
praia sem sol, do bolo sem fermento, do bolero sem a saudade e de mim (escritora)
sem vocês (leitores)?
Por
isso... vai uma pimentinha aí?!
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