O PALHAÇO FELIZ

              É muito estimulante conhecer gente feliz! Ainda mais quando, em nosso critério, a felicidade depende de tantos ingredientes!

              Pois, certa vez, numa semana paradisíaca em Termas de Jurema, conheci o Dalésio, taxista do hotel que nos conduziu até o aeroporto de Maringá e que também atua no show do hotel, como dançarino, palhaço e malabarista, fazendo misérias em bicicletas que ele mesmo monta e que não deixam nada a desejar aos melhores números dos tantos circos onde assisti a esse ciclismo acrobático.

              O rapaz é visceralmente feliz. Passa isso no palco, passa isso no táxi e no sorrisão com que recebe e despede as pessoas no aeroporto.

              Muitos jovens da sua idade não encontrariam motivo para tanta felicidade na vida que ele leva, numa pequena vila dos funcionários na cercania do hotel, apresentando-se a cada semana para uma platéia diferente, sem grandes planos ou sonhos mirabolantes para o futuro.

               Pois o pequeno e franzino palhaço, dono de uma agilidade impressionante, transborda felicidade. Ele mesmo compra e monta suas bicicletas, treina em casa, ensaia com o grupo e, segundo ele mesmo, se enche de energia com as risadas e o aplauso do público todas as noites. Disse-me que tem uma namorada que também atua no espetáculo, que mora pertinho do hotel e que só não se casou ainda porque ela é menor de idade. Simples assim.

                Muitos jovens dão cabeçadas pela vida em busca de ideais cada vez mais inatingíveis e desperdiçam a fase mais bonita e promissora de suas vidas amargando derrotas e consequentes frustrações, complicando a vida, se perdendo por aí.

                Quem sabe este pequeno palhaço possa ensinar que um pouco de simplicidade deve ser o ingrediente essencial da almejada felicidade!