segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

LAHIR BOSSA SHOW – um patrimônio alegretense



 Uma homenagem a quem tornava os bailes de Carnaval no Casino muito mais animados!



Por um desses encontros do mundo virtual, em um site de relacionamento encontrei fotos que mexeram no meu baú de gratas recordações e as comentei. Conversa vai, conversa vem e recebi a incumbência de escrever sobre este conjunto musical da década de setenta, que pode ser considerado a trilha sonora da minha adolescência e juventude.
Conheci o Lahir em festas familiares, pois a irmã dele (dona Ernestina) morava em frente à nossa casa e ele costumava tocar piano nos aniversários.
Conheci o Honório como fotógrafo e “galã”, no caminho da minha aula de piano, ali na Andradas.
Conheci o Deio no Oswaldo Aranha, fomos colegas por muitos anos e até namoradinhos na infância, no tempo em que as crianças não “ficavam”, apenas se declaravam namoradas umas das outras. Nossa maior intimidade era que ele estava me ensinando a tocar piston (tocava na banda marcial do IEOA) e eu retribuía ensinando-lhe piano.
Pipoca e Pipoquinha, Fernando e o baterista só conheci já nos bailes, depois do debut.
Não preciso nem dizer com que emoção ouvia o pout-pourri que abria os bailes e depois nos embalava noite adentro, com a voz bonita e afinada do Honório e os instrumentos tão bem tocados. Semicerrando os olhos sou capaz de rever tudinho, ouvir a música e até sentir o perfume dos salões.
Logo me encantei com a execução de Aline e fui comprar o disco na loja do seu Moojen. Disse a ele que ainda achava mais bonito com o Honório cantando e ele deve ter contado, pois no sábado seguinte despertei no meio da noite com a mais linda serenata enchendo a Mariz e Barros e fazendo com que muitas mocinhas suspirassem do lado de dentro das janelas, pois todo o conjunto do Lahir tocava em frente à minha sacada e Honório caprichava na Aline para mim. Meu pai não me permitiu aparecer e tive que agradecer por detrás da vidraça, o que foi muito frustrante, mas a recordação se eternizou e a emoção também.
Ao som do LBS dancei em meus primeiros bailes, flertando, escolhendo, colando o rosto, disputando concursos de dança com o Newton Carús, maltratando os pés nos sapatos de verniz, pressionando minha avó para tricotar para o « baile do blusão » e parece que a sensibilidade do Lahir sabia bem que música tocar em cada momento da noite, proporcionando grandes encontros e grandes romances.
Mais tarde, já casada, dancei em muitos bailes ao som do mesmo grupo e os melhores carnavais da minha vida foram animados pelo LBS. « Pombo Correio », « É Fantástico ! » e as inesquecíveis « Máscara Negra » e « Jardineira » enchiam o salão do clube e nos permitiam desfrutar durante quatro noites do melhor carnaval de salão da fronteira oeste.
Às vezes o Presidente do clube inventava de contratar músicos de fora para animar os bailes. Assim, LBS tocava num clube e o conjunto de fora no outro. Nós sempre procurávamos aquele onde Lahir e seus rapazes estavam tocando, pois era sempre mais animado.
Depois, ainda ao som do LBS meus filhos curtiram seus primeiros bailes infantis. É, portanto, uma linda história de vida que tenho com este grupo musical que ainda lançou o Deio como garoto-prodígio, uma revelação musical ainda menino.
Quando Paulo Antônio me convidou para escrever sobre o LBS (depois LBS-8) fiquei inicialmente maravilhada, depois saudosista e, por fim, insegura. Afinal, todo mundo gosta de saber as histórias de alcova, de boemia e dessas eu não sei nada, pois seu Ramos era linha duríssima e não permitia muita proximidade com os músicos (mesmo assim dancei algumas vezes com o Honório).
Deixo aqui, portanto, um depoimento sobre a visão feminina e romântica da minha geração e o quanto Lahir e seu conjunto inspirou e musicou a mais bela fase da nossa vida.
Obrigada LBS-8 ! Certamente vocês fazem parte das nossas mais gratas recordações nos idos tempos do nosso Alegrete !




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