quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O ANO ESTÁ COMEÇANDO



               Ainda bem que se escondeu aquele sol abrasador, sertanejo e se espargiu sobre nossas cascatas de suor uma garoazinha fresca e algumas sobras de vento para tentar soprar uma brisa neste novo deserto do sul do Brasil.  Nada que realmente refresque ou nos permita usar uma roupa menos decotada, ou um pouquinho de maquilagem que não derreta; mas está "menos pior" que ontem, digamos assim.
          Nasci num ano par, entretanto, quase todas as grandes coisas que sucederam na minha vida foram num ano ímpar. Para melhor e para pior. Dessa forma, os anos pares normalmente dão um descanso, um refresco no redemoinho da vida e pouca coisa muda, para melhor ou para pior. Melhor assim.
               Não quero fazer balanços, já basta os que faço todas as noites ao deitar.
          Meus pedidos são quase sempre os mesmos e alguns já me estão parecendo de impossível resolução. Nada para mim, sempre para a família, o que não deixa de me atingir completamente.
                Ainda não decidi se listarei minhas prioridades neste ano. As do ano passado passaram incólumes e também eram sem graça demais. Consultar médicos, emagrecer, retomar a ginástica, essas coisas que nem precisam estar escritas para precisarem ser feitas. Lembro que antigamente listava coisas como: escrever um livro, fazer um concurso, ser feliz! Como se a gente conseguisse ser feliz por decreto.
                 Se me decidir a afixar a tal lista na porta interna do meu guarda-roupa, creio que enumerarei coisas como: sentir calafrios na espinha (sem ser doença!), frio no estômago (sem ser úlcera), desfalecimentos (sem ser pressão baixa), descargas de adrenalina (sem usar psicotrópicos), taquicardia (sem ter problemas cardíacos) e manter os lábios inchados, não por alergia a algum batom, mas por tantos beijos na boca.
                Envelhecer é normal, natural, sacramentado. Difícil é deixar de sentir, de enxergar, de ouvir, de se emocionar, de enraivecer.
               Sabe, o Novo Ano vai me conquistando aos poucos. É ainda um caderno novo, vazio, com um grande ponto de interrogação. Quem sabe boas surpresas estarão reservadas e o balanço, em dezembro, será bem positivo!
                 Continuo sentindo cheiro de lentilhas no ar...



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