domingo, 2 de dezembro de 2012

CONECTADOS FULL TIME



Ontem fui ao teatro, com meu fiel escudeiro que sabe apreciar um bom texto e uma boa representação.
Não direi o nome da peça que assistimos porque não teríamos elogios a ela e propaganda negativa não tem graça. Meu sábio pai já dizia que, se não temos nada de bom a dizer sobre uma pessoa, ou um acontecimento, é melhor não dizer nada.
Curitiba estava quente, abafada, nem parecia a cidade da brisa geladinha que tanto aprecio. O trânsito complicado, o teatro lotado e a peça em única apresentação na cidade, com atores globais no elenco.
Ao soar o segundo sinal desligamos os celulares, não confiamos nem no modo silencioso, pois morreríamos de vergonha se ele tocasse no meio da representação. Também, para que a gente precisa estar disponível durante uma sessão de cinema, ou uma peça de teatro?
Ingressos muito caros e nós usufruindo uma das únicas compensações do envelhecimento, que é a volta da meia entrada. Esta, o estacionamento facilitado e as filas preferenciais constituem a trilogia de satisfação dos envelhescentes.
Muitos jovens no teatro, o que, a princípio, nos pareceu um indicativo muito positivo de que a arte ainda poderia aparar muitas arestas das novas gerações. Não quero acreditar que estivessem lá apenas para ver de perto os atores das novelas da Globo.
Luzes apagadas, música e refletores iniciando e, de repente, a platéia parecia invadida por bandos de vagalumes, inclusive ao meu lado e nas filas adjacentes. Vocês acreditam que aquelas moças bonitas, finamente trajadas passaram a peça inteira teclando no celular?! Isso mesmo! Mensagens de ida e volta, com luzinhas irritantes refletindo na cara da gente e olhando de vez em quando para o palco. Certamente combinavam o programa que fariam a seguir, ou namoravam, sei lá. O fato é que, se a peça não fosse fraquinha, eu ficaria muito irritada com aquela falta de tudo!
Vejam só, uma pessoa paga uma nota preta para ir ao teatro e lá não desgruda do celular! Inconcebível! Não consigo ter compreensão para uma coisa dessas. Não pode ser apenas modernidade, aliás, esta tal modernidade encobre toda a falta de educação, princípio e cultura do mundo! Ser moderno, ao que parece, é não seguir nenhuma regra de boa conduta e deitar por terra os últimos resquícios de civilidade e compostura.
Irritados com os inconvenientes vagalumes e com a fraca performance no palco, desistimos da famosa esticadinha e viemos tomar um vinho e comentar os acontecimentos em casa mesmo.
Pouco tempo depois de descalçarmos os sapatos lindos e incômodos e fazermos o primeiro brinde, caiu o maior temporal em Curitiba, com raios, trovões, granizo, vento e, inclusive, falta de luz até a madrugada.
Desta vez o Murphy foi bonzinho... ainda bem!





Nenhum comentário: