sábado, 3 de setembro de 2011

NOVAS FAMÍLIAS

          Você, meu contemporâneo, pensou que já tinha visto tudo só com os equipamentos eletrônicos de última geração? Engano seu. Tem muito mais coisa mudando, evoluindo ou regredindo, mas se tornando diferente. Uma delas é a família.
         Se os papéis masculinos e femininos se modificaram, é claro que as famílias iriam se modificar também.
         Imaginemos, por um instante, os livros infantis da nossa infância. Como eram representados os avós? Como as crianças os reconheciam nas ilustrações? Sempre de óculos, o vovô de bengala, a vovó tricotando, de chinelos, bobos, gagás. Muito diferentes dos avós de hoje, entre os quais modestamente me incluo.
         E o papai? Sempre de gravata, chegando em casa cansado, com uma pastinha de executivo debaixo do braço e sapatos brilhantes.
         A mamãe de avental, na cozinha, ou usando a enceradeira, um poço de meiguice, carinho e submissão.
         Os filhos dóceis, os meninos de cabelos cortados e penteados, de calças curtas com suspensórios e as meninas de vestidinho, tranças nos cabelos, boneca debaixo do braço.
          E hoje? O que vemos?
         Os avós dançando nos bailões, viajando, usando roupas e penteados modernos, dirigindo, namorando. Só o que não mudou foi o amor pelos netos.
         O papai muitas vezes cozinha melhor que a mamãe e cuida dos filhos tanto ou mais que ela, às vezes trabalha em casa mesmo, no computador, de bermudas, chinelos, tatuagens , prancha de surf e rola no chão com as crianças.
         A mamãe trabalha fora, cozinha muito mal e prefere pegar o telefone para pedir comida, exige divisão de tarefas com o marido e nem sempre tem muita paciência para as travessuras dos filhos.
         Em ambos sobra amor, de verdade, pela prole.
         Os filhos, bem, esses é que mudaram mais. Já nascem espertos, falam antes mesmo de caminhar, questionam tudo ainda na primeira infância e, se não forem controlados a tempo, mandam na família toda antes mesmo da Primeira Comunhão. Quando jovens, se acham capazes de tudo e, quando adultos, acham que os pais é que tem a obrigação de procurá-los.
         Exceções há, sabemos, mas só servem para confirmar a regra.
         As famílias, então,  mudaram radicalmente de composição. Novos pais e mães vão sendo agregados e irmão por parte deste ou daquele, meio irmão, quase primo, cunhado e tio, sobrinho, enfim, uma árvore genealógica de difícil desenho.
         Agora chegou a última novidade (não sei por quanto tempo será a última): famílias com dois pais, ou duas mães. Dois nomes masculinos ou dois nomes femininos na certidão de nascimento, muitas vezes nomes bem diferentes dos donos daquele espermatozóide e daquele óvulo que o gerou.
         Se dará certo ou errado só o tempo dirá. Entretanto, se houver respeito, amor e preocupação genuína com o futuro da criança, certamente dará muito mais certo do que os lares onde pai e mãe vivem às turras, xingam-se de coisas tremendas na frente dos filhos, quando não se agridem verbal ou fisicamente.
         Gostaria de conhecer as novas cartilhas e a criatividade dos ilustradores quando retratarem as famílias modernas.
         A Igreja vai ter que se reciclar com urgência para que seus pequeninos não se sintam como peixinhos fora da água santa do Pai.

Nenhum comentário: