Floripa, Desterro, Açores, Babel...
Estes versos pertencem a um poema que escrevi para Florianópolis há muitos anos, quando ainda arriscava fazer versos.
Estão bem atuais, pois nossa ilhazinha parece hoje quase uma Babel de tantos sotaques, tantas raças, tantos costumes de todas as regiões do país e até do exterior.
Hoje Florianópolis completa 285 anos; passei com ela os últimos trinta e cinco e tenho muito a agradecer.
Aqui criei meus filhos, suas ruas e praças foram testemunhas da transformação deles, de crianças a jovens e adultos.
Educandário Imaculada Conceição, Colégio Catarinense, Escola Técnica Federal, Curso Geração, Curso Decisão e, por fim, a Universidade Federal de Santa Catarina fizeram daqueles três menininhos gaúchos um médico e dois engenheiros bem preparados.
Em suas ruas estreitas, de trajeto complicado, eles aprenderam a dirigir.
Em suas praias de ondas eles aprenderam a surfar e em seus tantos restaurantes foram iniciados na gastronomia "mané", repleta de frutos do mar, que hoje constituem o topo das suas preferências.
Aqui dois filhos casaram e desses casamentos nasceram meus dois netos. Só esse fato já serviria para consolidar uma união duradoura e significativa entre esta família alegretense e a Ilha da Magia.
Foi em Floripa que me pósgraduei e lecionei por mais de vinte anos, em dois Colégios e duas Universidades.
Aprendemos a acrescentar o mar ao nosso dia a dia e sempre sentimos falta dele quando viajamos.
Hoje já não estranhamos o sotaque, nem os hábitos, tampouco a culinária florianopolitana. Estamos incorporados a ela e até nos ofendemos quando ouvimos alguém menosprezar esse povo que nos acolheu.
Sou alegretense e gaúcha (nessa ordem) e serei sempre. Meus filhos nasceram em Alegrete, vieram para cá pequenos e se consideram "manés" por adoção, são filhos "de coração" de Floripa.
Não tem forma melhor e mais bonita de encerrar esta crônica do que citando os versos imortais de Zininho:
"Um pedacinho de terra perdido no mar,
num pedacinho de terra belezas sem par.
Jamais a natureza reuniu tanta beleza
jamais algum poeta teve tanto pra cantar.
Ilha da moça faceira, da velha rendeira tradicional,
Ilha da velha figueira onde em tardes fagueiras
vou ler meu jornal.
Tua lagoa formosa, ternura de rosa, poema ao luar,
cristal onde a lua vaidosa, sestrosa, dengosa
vem se espelhar."
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