quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A GUARDA COMPARTILHADA

            "Ser um pai pleno, separado ou não, é um desafio de todos os dias". ILAN GORIN

            Por motivos óbvios (para quem me conhece), estou lendo bastante sobre o assunto. Para quem não sabe de mim o suficiente, explico que um dos meus filhos está se divorciando e, no meio de tudo, há um garotinho de sete anos por quem meu coração se derrete.
          O autor desta frase inicial é um jornalista, carioca e judeu, que passou por este penoso rito de precisar se ausentar da companhia dos filhos pequenos e relata sua experiência, sua batalha e suas conquistas.
          Ele teve sorte, pois sua ex-mulher parece ser uma pessoa esclarecida e que, como ele, coloca o bem estar dos filhos acima de suas próprias fragilidades.
         Segundo ele, a guarda compartilhada da maneira como eles a implantaram foi um sucesso e diminuiu enormemente a perda afetiva das crianças.
         Penso que é assim mesmo que deveria ser. São dois para gerar, devem ser dois a criar. Ambos são necessários, possuem papéis distintos na família e esta referência ajuda o filho na percepção do mundo.
         A não ser nas exceções patológicas, onde um dos cônjuges precisa ser afastado do convívio das crianças, o razoável é que pais e mães, mesmo separados, possam ver, brincar, passear, viajar com seus filhos livremente.
        É muito triste ver uma criança chorando de saudade do seu pai. É muito triste ver um pai chorando de saudade do seu filho. É inadmissível que alguém possa dificultar esta relação por puro egoísmo, sadismo, ciúme ou interesses econômicos.

        Como disse um comediante: "- Quando ponho uma moedinha na máquina de refrigerante, a lata que sai é de quem? Minha ou da máquina?"

           Brincadeiras à parte, vou transcrever um trecho do livro citado com o qual concordo plenamente:

          "Neste momento, em todos os lugares do mundo, não importa a cultura nem a classe social da família, incontáveis filhos de casais separados esperam por um telefonema, um e-mail, um pombo-correio, um sinal de fumaça do pai, para manter um dia a dia mais constante e permanente com ele.
            Aliás, isso também pode acontecer com filhos de casais que moram na mesma casa.
            Nesse sentido, há alguns pais que, mesmo morando com os filhos, pouco olham para eles durante o dia todo, simplesmente porque não conseguem desligar o telefone celular, não saem da frente do computador, ou consideram que têm sempre coisas mais importantes e urgentes a fazer, como fechar novos negócios, tocar projetos, jogar futebol, viajar, ir ao cinema, sair para beber com os amigos, ser cada vez mais bem sucedido no que faz, enfim, ter os seus momentos pessoais e profissionais acima de tudo."

           Esses pais (e mães) esquecem  que nenhum minuto é tão precioso quanto aqueles que passamos ao lado das pessoas que mais amamos na vida. E que dependem de nós em todos os sentidos.
         É absurdo que um homem e uma mulher, que desejaram tanto ter um filho, precisem da intermediação de um juiz para decidir a quantidade de tempo que um ou outro poderá passar com a criança.
        Pobres crianças! São sempre as maiores vítimas.
        O jeito, então, é caprichar na qualidade do tempo compartilhado, na abundância de amor, de carinho, de proteção, de orientação para que o pequeno saiba que, embora invisível no momento, seu super-amigo está "on-line" dia e noite, pronto para atender seu chamado e cuidar de suas carências.
         E o que convive mais (geralmente a mãe) que se cuide, porque:
    
         "- Também não adianta um pai (ou uma mãe) ser muito presente, se os exemplos são ruins."

Um comentário:

Anônimo disse...

Atual e didático, seu comentário, sobre Guarda Compartilhada. Em 2001nos deparamos com uma situação similar em relação ao que vocês estão enfrentando, com muita sabedoria, nesse momento. Abrçs e muita força nesta hora. Derli e Angelina - São Leopoldo/RS