quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

UMA MÃE PARA CADA FILHO

               Ouvi uma psicanalista dizer que esse papo de que as mães querem os filhos igualmente e que criam todos iguais, etecetera e tal é pura balela.
               O amor até deve ser igual em quantidade, mas certamente se expressa de forma diversa para cada filho, porque eles são diferentes e requerem tratamento diferente, condizente com seu modo de ser, pensar e agir.
                Faz muito sentido isso! Quem tem mais de um filho sabe que um é mais chegado a carinhos, beijos, abraços, enquanto outro prefere bater papo, ou outro tipo de aproximação com menos contato físico.
                Não se pode exigir a mesma reação do tímido e do extrovertido, portanto, a mãe deve saber como tratar cada um e o que esperar dele.
               Quem sabe aí não reside um dos focos da propagada rivalidade entre irmãos, sempre um achando que a mãe gosta mais do outro, aquelas coisas de sempre.
               Quando a mãe erra a abordagem, certamente será mal interpretada e parecerá injusta. Até porque o papel da mãe está muito cristalizado numa coisa assim quase messiânica, além do bem e do mal, num amor incondicional e perfeito.
               Antes de sermos mães somos mulheres e até darmos vida a um bebezinho podemos errar à vontade, pois somos apenas jovens, como outro qualquer.
               Bastou o rebento dar o primeiro chorinho e somos alçadas à categoria inatingível  de "mãe", cujos sinônimos mais usados são de "santa, mártir, sábia e por aí afora". Por quê? Não somos as mesmas, apenas mais cansadas, sonolentas e fora de forma?
               Penso que as mães são cobradas demais, exatamente por fazerem questão de ser colocadas um degrau acima do resto dos mortais.
               No momento em que nos reconhecermos como seres humanos normais, iguais a todos os outros e, portanto, passíveis dos mesmos erros, a carga da maternidade será mais prazerosa, mais reconfortante e mais leve.
               Uma mãe para cada filho, aproveitando as peculiaridades de cada um, curtindo as diferenças, deixando de lado a balança ridícula de pesar amor, sem preocupação de igualdade, porque ninguém no mundo é igual, vivendo a maternidade com alegria, curtindo o companheirismo dos filhos, deixando-os desabrochar, bater asas, voar. Assim deveria ser.
               Hoje em dia poucos casais têm esta preocupação, pois a maioria das famílias optou pelo filho único.
              Todavia, não deve ser fácil educar um único soberano, sem nenhum irmãozinho pra lhe puxar a toalha e disputar o colo e o carinho dos pais.
              Com a capacidade amorosa de algumas mães e pais, o risco é sufocar o herdeiro. E como será a vida adulta sem irmãos? Sem ter com quem revezar no cuidado da velhice dos pais?
               Não sei. Sobre filhos únicos realmente não me atrevo a opinar. Preciso observá-los melhor.

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